Mentira é o nome que se dá para toda negação ou afirmação, decorrente de um julgamento de intencionalidade e conveniência, dentro de um contexto social, onde um indivíduo busca controlar o comportamento de outro através da emissão de uma mensagem que sabe, ou suspeita, ser falsa, ou mesmo produzir propositadamente informações que provoquem a mudança do foco de atenção do ouvinte. Sinônimo de engano, falsidade, falácia, farsa, fraude, embuste ou trapaça, é condenada nas mais diversas culturas e, inclusive, passível de sanções penais como no caso da calúnia e da difamação. Uma das mais comuns transgressões na vida cotidiana, institucionalizada em áreas como política, advocacia e publicidade, é fonte de erros, mal-entendidos, e conflitos interpessoais e sociais de diferentes magnitudes.
Importante notar o caráter comunicativo e interacional da mentira, pois ela somente ocorre quando comunicada a alguém e, assim sendo, fica caracterizada também quando o indivíduo omite deliberadamente algo, pois está transmitindo uma compreensão incompleta para induzir o outro a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Além disso, a intencionalidade é fator imprescindível quando se mente, no intuito de controlar o resultado final de uma questão ou o comportamento daquele com quem interage. E tudo isso ocorre quando o mentiroso considera que não haverá conseqüências negativas para si, pelo menos em termos de probabilidade subjetiva.
O sujeito ético, na consciência dos valores constitutivos do indivíduo e da comunidade, reconhece e afirma a verdade como um bem originário, valioso, decisivo e indispensável. A verdade significa para a liberdade um pluralismo de tarefas e compromissos, unificáveis e sintetizáveis no dever ético e na virtude moral da veracidade. A fidelidade à liberdade é a disposição permanente e dinâmica para a autêntica liberdade. Quem rejeita o pacto com a falsidade, repudia o engano e exclui qualquer duplicidade, isto é, rejeita a mentira como a antítese e a contradição de si.
A mentira toma forma nas palavras, não somente nas simplesmente faladas, mas também nas expressões em quaisquer tipos de manifestações humanas. Em tudo o que se manifesta e não é sinal eficaz, mas distorcionário e desviado do verdadeiro, existe uma mentira, que assume a forma de hipocrisia, engano ou ficção.
Este defeito humano interfere na veracidade consciente, o dinamismo criador da verdade na pessoa e na sociedade, impedindo-a ou decompondo-a com sentido negativo. E não representa, de forma alguma, uma possibilidade, mas uma mistificação que a consciência humana estigmatiza e proíbe como um mal e um vício que deveria ser combatido.
O reconhecimento da verdade e a lealdade à mesma formam uma unidade, eticamente inseparável. A mentira intervém nesta unidade, rompendo-a, promovendo a infidelidade à verdade, e o seu desconhecimento ético. A fidelidade à verdade, primeiro de tudo, é para consigo, porque é a primeira relação, a que se tem internamente. Por isso a mentira é, primeiramente, a simulação ou dissimulação da verdade em si, como um processo de acomodação reflexa da verdade, que se encontra na origem de tantos enganos que o homem comete ou nunca é capaz de admitir para si próprio. Em outras palavras, ela é sempre um auto-engano que dissocia a pessoa de si mesma, uma imagem alienada da realidade que é feita para consigo, e na qual tende a acreditar.
A mentira também prejudica o significado da manifestação do pensamento interior, pois nenhuma interioridade é transparente sozinha, e necessita da mediação simbólica da linguagem, a qual tem a finalidade intrínseca de ser o veículo do pensamento. Ela também interfere nesta finalidade, expropriando a linguagem de sua própria e inerente função, instrumentalizando-a para fins que lhe são estranhos, e colocando-a a serviço do interesse, e não da verdade.
É uma falsidade que trai a confiança e a promessa que toda palavra traz para com os outros, causando efeitos socialmente destrutivos. Cada comunidade procede do encontro livre de pessoas que se comunicam, abrindo-se mutuamente na verdade dos próprios pensamentos. Comunicar, sob qualquer meio, é um ato de confiança mútua instauradora de relações humanas, é dar fé à palavra. Pois a mentira atenta contra este crédito, viola a promessa que toda palavra significa para o destinatário, induz o próximo ao erro, desviando-o para o próprio prazer e ferindo-o na sua dignidade. Toda mentira é, acima de tudo, um abuso de confiança, que afasta as pessoas e incentiva a ruptura dos laços sociais.
Instrumento usado para enganar o outro, traz conseqüências socialmente degradantes (porque o próximo, sobretudo quando pequeno e indefeso, sofre inconscientemente o engano e, desse modo, é manipulado e condicionado), contagiosas (pelo motivo de que quando a vítima descobre o embuste, passa a simular ou se mascarar, respondendo à falsidade com falsidade), e involutivas (pois, revelada a confusão ou o engano, faz com que o outro caia em decepção e ponha a sociedade sob desconfiança). Em qualquer caso e de qualquer forma que se expresse, a mentira sempre atenta contra a comunidade humana, tornando-se um fator de desunião.
A doutrina tradicional a considera como a linguagem contrária ao próprio pensamento, onde se tem a vontade de enganar. Para que haja uma mentira em sentido ético-formal, a oposição deve ofender o próprio pensar (a verdade interior), e não a realidade ou os fatos (a verdade objetiva). Portanto, uma declaração de acordo com o pensamento privado mas contrária à realidade não é formalmente uma mentira, pois aqui o indivíduo se equivoca, e não mente. Inversamente, uma afirmação contrária ao próprio pensamento, mas em conformidade com a realidade é formalmente uma mentira, já que quem afirma está sendo desonesto interiormente, ainda que inadvertidamente diga materialmente a verdade.
Na definição desta falsidade é importante a vontade de ludibriar. Santo Agostinho já dizia que a mentira é uma comunicação falsa, juntamente com a intenção de enganar. Mas esta intenção entra como um elemento não essencial pela razão da fraude já ficar qualificada moralmente pela falsidade formal, isto é, pela simples disposição de dizer o que é falso, de expressar algo contrário ao próprio pensamento.
Basicamente, quanto à diversidade de motivações, podemos dividir as mentiras entre as que têm o objetivo de ferir ou prejudicar alguém (a grande maioria), as que são ditas por necessidade, para evitar um mal ou garantir um bem, e as que servem apenas para se divertir (muitos acreditam que estas nem devem ser qualificadas como tal, porque perante o contexto não há a intenção de afirmar o que foi dito).
Através dos tempos, o ensinamento tradicional sobre a imoralidade intrínseca da mentira, seja entre pensadores teólogos ou não, determinava que ela é sempre um mal a ser evitado, porque se opõe à verdade, contradiz o propósito da palavra, destrói a convivência social e é, inclusive, condenada nas leis divinas e humanas. Tornou-se uma tendência minoritária legitimá-la nos casos em que dizer a verdade possa trazer conseqüências graves para alguém.
Com o advento da era moderna, que desenvolveu a atenção ao sujeito e às relações sociais, houve a abertura para uma outra concepção da mentira, como sendo a rejeição da verdade devida. Aqui, a atenção foi transferida da relação pensamento-palavra para a relação palavra-destinatário, onde a essência da farsa é determinada subjetivamente, não objetivamente, pelo direito do interlocutor à verdade. Com o declínio desse direito, esta falsidade ficaria lícita, ou seja, já não existiria formalmente uma mentira, mas um "falsiloquio" (uma mentira somente em sentido material ou psicológico, não ético-formal). Esta teoria remonta ao calvinista Hugo Grotius e se desenvolveu no campo protestante e jurídico.
Normalmente os mentirosos são associados com a “tríade negra”, isto é, o maquiavelismo, o narcisismo e a psicopatia. Porém, ainda que possua uma necessidade maior de controlar o comportamento dos outros devido sua personalidade manipuladora, distorcida e egocêntrica, não parece que ela, sozinha, gere a habilidade. Se propiciar maior quantidade da prática trará, no mesmo nível, as punições que tentarão desencorajar o comportamento quando pego mentindo.
Se bem que conheço um monte de gente mentirosa que, quando pega falseando, eleva ao cubo seu mau-caratismo ao tentar levar a situação no grito ou no soco, para ainda se sustentar no assunto ou não ser cobrado pelo que fez de errado. E assim a situação permanece, com a falta de razão para o imbecil mentiroso e o medo dos que estão à volta em relação ao mesmo, os quais provavelmente vão começar a procurar argumentos para deixar a situação continuar como está, já que não enfrentam quem estão vendo que errou (talvez até passem a utilizar a célebre alegação do “quem está certo enfrenta mesmo, e sai na mão se for preciso”, só para não mexer com o mentiroso que, reafirmo, sabem que cometeu erro; vide o que escrevo sobre “contato visual”, mais abaixo – o contexto dogmático é o mesmo). Tenho visto acontecer muito disso em ocasiões onde a inveja comanda a ordem, ou naquelas em que há uma desafeição particular entre as partes, onde um lado começa a perseguir o outro, fazendo uma devassa moral em sua vida e apontando tudo o que poderia ser entendido como defeito, inclusive e principalmente, acusando máculas que não acredita que a sejam (e, muitas vezes, de fato não a são), passando um verdadeiro pente fino moral no próximo apenas para se vingar. Faça a mesma varredura neste invejoso (ou em qualquer outra situação onde a mentira apareça), e tudo que for feito contra o mesmo será mais que justo, pelo próprio bem do mundo. Como os que têm doenças de caráter tão evidentes, como o mentiroso, já são enfermos sociais, não será difícil encontrar argumentos que acusem sua desimportância nas comunidades e a necessidade de punições para com suas condutas.
Também conheço uma infinidade de mentirosos que, ao serem apanhados no que pregavam, procuram rápida e desesperadamente se apegar em algum outro ponto, o qual não fazia parte do contexto ou do seu interesse (tanto que em momento algum foi argumentado por ele para justificar o que fazia, portanto sabe não ter uma verdadeira importância), para continuarem de pé na demanda ou na questão apresentada. Mudam o foco, mentirosamente.
E gente que é pega na mentira, que sabe estar errada nos atos que praticou, e que, mesmo assim, continua discutindo e refutando dentro do conflito ao invés de entender que perdeu, é o que mais existe no combalido Brasil.
O indivíduo que mente procura preservar, melhorar ou adquirir algo para si, ou atingir, prejudicar ou retirar algo no outro. Essencialmente, a mentira é contada para se resolver um problema, ao menos um que o seja dentro da mentalidade fraca do emissor, onde se busca manter uma situação até que os efeitos objetivados por ele ocorram, e podendo ser levada por mais tempo para permitir que a imagem do mesmo seja preservada. Não se trata, portanto, de uma habilidade, mas o resultado de um conjunto de competências que serão usadas para evitar que a verdade venha à tona ou atinja um ponto quanto à qual não haveria mais discussão, o que seria indesejável aos olhos do farsante, podendo, talvez, trazer problemas para ele pelo que falou e fez.
Dentre os elementos cognitivos envolvidos no ato de mentir, é preciso ter uma boa memória para ser um bom enganador. Certamente, é de se imaginar que fica impossível para uma pessoa com dificuldades memoriais manter a mentira por muito tempo. Desse modo, lembrar-se de tudo o que foi dito é um aspecto fundamental para o indivíduo conservar sua trapaça viva. Alguns estudiosos até recomendam que, em situações onde seja necessária a detecção de mentiras, se sobrecarregue a memória da pessoa para se conseguir o que foi chamado por Freud de ato falho.
Alguns outros recursos cognitivos são apontados como essenciais na tarefa de mentir, como a habilidade de ler emoções e controlar como as suas se manifestam, além da competência social. Considerando a variação entre mentirosos experientes e eventuais, ainda temos a organização do conhecimento, a automatização do processamento, o uso do tempo, a qualidade da representação, dentre outros elementos que separam os especialistas nesta doença de caráter dos novatos.
Também é importante mencionar que um bom mentiroso precisou de prática nesta atividade, e de modelos dentro de casa, afinal ninguém nasce perito nisso. Os pais e adultos próximos são os responsáveis pela apresentação das mentiras, convenientes ou não, aos pequenos, os quais logo as copiarão para evitar situações indesejadas e punições. Evidentemente, particularidades podem facilitar o processo, como no caso de uma criança capaz de fazer uma boa leitura do ambiente, o que propiciará a ela elaborar uma burla mais plausível e com menor chance de ser descoberta e punida. Da mesma forma, uma criança inserida em um meio violento, com grandes probabilidades de castigos por qualquer coisa que faça, estará mais motivada a se esforçar para mentir.
A mentira pode ser encontrada em qualquer grupo social do globo, mas no Brasil, mais do que um defeito moral corriqueiro, há uma genuína cultura deste comportamento, alinhada com as tão similarmente endêmicas corrupção, puerilidade, e falta de responsabilidade. Ela é apenas a ponta do iceberg das lacunas morais do brasileiro, normalmente agindo em conjunto com outras deficiências de caráter (inveja, fofoca, ganância, ciúmes, vingança, imbecilidade, recalque, etc.), um componente importante nos muitos erros sociais que o mesmo comete, e nas incontáveis falhas de sua índole e enfermidades de seu espírito.
Como já escrevi em diversas oportunidades, o brasileiro é a imagem mais autêntica e incontestável de um boçal, um ignorante contumaz (independentemente de seu grau de instrução) que pensa que sabe das coisas quando, na realidade, de nada sabe. E quanto mais estúpido e desonesto, mais o animal quer falar, se meter na vida dos outros, opinar e participar das decisões sociais. Como é um imbecil completo, inapto e irresponsável, vai errar extensivamente. Como sempre se compromete muito com o que faz e fala, e é um covarde absoluto, não assumirá nada, transferirá tudo para terceiros, e, assim sendo, piorará este mundo. Logo, a mentira se tornará o sustentáculo deste idiota, a filosofia da vida inútil deste dejeto.
O mau elemento transgride, ultrapassa limites, desrespeita os próximos e as instituições, não cumpre com suas obrigações, passa para os outros as responsabilidades que sabe serem suas, tudo com inúmera freqüência, desde cedo em sua vida. Como sempre se vê diante de resultados com os quais não saberá/conseguirá lidar, o que lhe faria perder coisas ou receber merecidas punições, cria uma vasta experiência no campo do contar mentiras para se sustentar na questão e se livrar dos resultados, praticada exaustivamente durante décadas. Fica patente o mal que este indivíduo avesso à socialidade causa com suas mentiras, materializadas em desde brigas de vizinhos e más notas escolares até processos judiciais e criação de filhos, às pessoas com quem convive e às comunidades onde mora. E ainda preconizam que são os políticos que não prestam!?? Perderíamos dois terços da população, mas o ideal é que os maus fossem expulsos da interação social (se fossem cobrados por tudo o que merecem, acabariam recebendo pena capital).
Também é inegável que no contato deste lixo experiente nas artes mentirosas (enganação, traição, trapaça, desonestidade intelectual, etc.) com um cidadão correto, cuja história de vida é bem dessemelhante, é o primeiro que terá as maiores condições de lidar, calma e rapidamente, com a situação adversa. Ao manipular pela mentira, se achará esperto e ainda vai chamar o decente, vítima de sua corrupção, de ingênuo. Eu pessoalmente acho que a idéia de ingenuidade, neste caso, só se aplicaria às instituições e autoridades que ainda não entenderam a necessidade prioritária e emergencial de retirar os inviáveis ao convívio das decisões e atuações na coletividade, ou, muito talvez, ao cidadão correto caso ainda se permita conviver com o mau elemento, juntos em espaços comuns (é que, convenhamos, este segundo item é impossível de acontecer; o inteligente e direito sabe que vai perder com a aproximação do lixo social, e não o aceita por perto). Porque se o desprezível fosse limitado ou excluído do corpo social desde suas primeiras falhas e incompetências anteriores, não teríamos que nos preocupar com o nivelamento social sob o ângulo da maioria que não presta.
É natural para o brasileiro, formado e formador desta realidade pútrida endêmica, se comportar como tradicionalmente procede. Para ele, inserido neste contexto, é tudo muito normal e aceitável. E também é proporcionalmente natural para a pequeníssima parcela prestável restante ver a impossibilidade absoluta da correção dos problemas culturais que assolam estas terras, e o quanto estes animais problemáticos são empecilhos para o país e indesejáveis para qualquer comunidade digna.
A busca pelo distanciamento das pessoas e ambientes nocivos é obviamente inevitável, a única escolha. E, de fato, embora a reduzida parcela íntegra tenha de lutar muito para procurar e se estabelecer nos raros ambientes positivos e para conviver com os poucos cidadãos melhores, para ela (que sem dúvidas sabe o que é melhor para si), ao conseguir isso, o céu é o limite! Tanto é assim que, nestes momentos de sucesso alcançado, os indesejáveis, que pensam como pensam e cultuam os valores que cultuam, vão procurá-la insistentemente (coisa que não acontece ao contrário, quando é esta maioria imunda quem está em evidência). A minoria, dentro da qual o eterno expoente maior é o Rodrigo Guizzardi, sempre é muito ciente do que faz, tem uma conduta social responsável e lúcida porque pesa bem as circunstâncias, se baseia em critérios racionais, maduros e democráticos, e conhece bem o mal que a animália, totalmente oposta a estes predicados, representa para si e para o mundo. Impossível manter uma relação sadia com quem tem desvio de caráter, com quem não presta.
As pessoas decentes que conheço não fazem da mentira uma filosofia de vida ou uma vocação profissional, como a quase totalidade do povo brasileiro. Um monumento à dignidade como o Rodrigo não só não mente nem engana, como também é sincero consigo e para quem ninguém consegue mentir. Ele não racionaliza pensamentos ou atos, apenas indica fatos. Um homem virtuoso, de mente arejada e sadia, com brilho próprio e personalidade limpa de falhas, que realmente faz a diferença e, coberto de razão, se distancia dos que não prestam (e não dos que meramente erram), a combinação ideal de um cidadão íntegro e indispensável, para o qual desculpas são incansavelmente imploradas por ter de suportar a presença nociva deste povo perdedor e inútil.
Falar a verdade, o que implica no apontamento das imperfeições e faltas dos outros, costuma trazer muitos, eu disse muitos, problemas, até pelo motivo dos que se enquadram nesta parcela inescusável formarem a imensa maioria do povo. Quem fala a verdade, na sociedade da desonestidade, da incompetência, do despreparo e da irresponsabilidade, atravessa excessivas dificuldades. No reino da mentira e da corrupção, é o sincero e honesto quem está errado e opõem-se às regras tidas como normais. Ou por acaso, justamente no texto que aborda e critica esta mais que comum falsidade humana, estou contando MENTIRAS!???
Aliás, não poderia deixar de também fazer observações sobre o quanto esta sociedade é formada por indivíduos de credulidade débil e fácil, que não estão acostumados a raciocinar, e que passam pela vida sem aprendizado ou ganhos efetivos de experiência. A facilidade com que caem nas mentiras dos outros é assustadora e melancólica! Uma vez mais a limitação mental e a falta de conhecimento sobre a vida e as pessoas, que se estende para tantos outros aspectos sociais, impera!
Ao vermos como estes boçais e inúteis se deixam levar por conversas fiadas e fofocas, por vezes sem qualquer nexo e escabrosas, notamos o quanto desconhecem as coisas, o quanto são fracos de personalidade e de capacidade mental, e o quanto deveriam ficar de fora de decisões e participações sociais. Ou o quanto gostam de intrigas, fuxicos e difamações, destinando para isso o largo tempo disponível que estes vagabundos possuem (ao invés de trabalharem, estudarem, cuidarem das dívidas ou dos filhos, etc.) para se entreterem com tantas frivolidades. Ou ainda o quanto não têm independência de opinião e vão na onda, em climas de excitação. Enfim, o fato é que se constata uma fragilidade generalizada, onde todos se nivelam por baixo e se assemelham em tudo que existe de depreciativo e vulgar ... não é por menos que a mídia faz o quer com a cabeça vazia desta escória. Como é que se vai dar poder de opinião a estes animais???
E eles são burros, vaidosos e incompetentes também, portanto nunca se veriam desta forma, muito pelo contrário. Ninguém nunca acha que faz parte das privações morais e intelectuais que infestam o cotidiano; sempre acham que as mesmas são referentes aos outros. Neste ponto chegamos à velha lógica (pela falta de opções) : já que esta animália não vai parar de ser o que sempre foi, e vai permanecer condenando o meio em que vive, as instituições impolutas e os cidadãos corretos é que têm de se afastar dela.
Mas vale ressaltar ainda que mentir é o fruto de um processo de escolha, em função de uma interpretação do ambiente e condicionado por um grau de habilidade, portanto, será difícil encontrar um padrão, ou sinais específicos, que indique se alguém está ou não falseando. Existe, por exemplo, o mito do contato visual, estratégia que levará a mais erros do que acertos, porque o mentiroso vai simplesmente levantar na memória o que deve ser feito para não ser identificado como tal. Ele sabe que o olhar no olho é bem difundido, então vai evitar não olhar no olho. É como com quase todas as pessoas com conhecimento em psicologia que conheci em toda minha vida : são doentes de caráter e limitados no pensar, no entanto, apenas sabem dar as respostas certas diante do que surge pela frente. Simplesmente se lembram do que viram na TV ou leram na revista feminina, e pronunciam as palavras e teses que cabem no contexto ou esboçam os sinais que sabem ser apropriados para a questão apresentada. Só isso. Vejo inclusive profissionais formados na área se enrolarem quando tentam se sustentar onde se meteram. Basta ser atento ao que todos fazem e como se portam, e se constatará, com facilidade, seus medos, suas verdadeiras intenções, e suas falhas morais e intelectuais.
Com efeito, alguns estudiosos constataram que sequer há evidências de que mentirosos fogem do contato visual, e de que a falta deste seria sinal de insinceridade. Até mesmo uma pessoa sincera, que esteja com medo de não ser levada a sério, poderá não desviar seus olhos como uma maneira de fugir disto. Normalmente, esta matéria só vai se apresentar com constância entre crianças, as quais, adquirindo mais idade e experiência com a passagem do tempo, vão sabendo lidar com isso (o que indica que olhar no olho é um comportamento aprendido). Todavia a penetração cultural da prática como pista para identificar mentirosos é tão forte que estudos, cujo objetivo é explicar os motivos dos profissionais (magistrados, policiais, psicólogos, professores) analisadores de mentiras falharem nesse processo, apontam para a repetição do ensino de sinais, com pouca ou nenhuma validade científica, como uma das principais razões.
Averiguar se alguém está mentindo ou não, de maneira pertinente e produtiva, é algo que depende da capacidade de se conseguir quebrar a estratégia para resolver o problema, ou impedir que seja gerada com sucesso, além de, por outros caminhos, investigar o contexto e a história. Não há, nem nunca haverá, um sinal único que indique que alguém mentiu ou não, principalmente levando em consideração as diferenças individuais.
Posté par Elise Dawson
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Commentaires (14)
O Brasil é um país de gente mal informada, boçal, que se acha muito boa, preparada e inteligente, mas não é ! O brasileiro é uma criança irresponsável e mimada, brincando de ser adulto, portanto não assume nada do que faz ! Como se já não bastasse, em muitas vezes as pessoas entram nas questões para vencer, e não para argumentar... a preocupação é ganhar a disputa, mesmo alegando fatos e convicções que não tem ou não acredita. Quando seus erros ficam evidentes, continuam no bate-boca mesmo assim.
Quer dizer, para sustentar tudo isso, vai ter que mentir e muito !
Uma pessoa sadia não recorre às mentiras, até pelo motivo de ser mais consciente em seus atos e opiniões, de modo que não se compromete aos trancos e barrancos do jeito como o estúpido, um intrometido ignorante por excelência, faz.
Mentir é algo que começa em casa, assim a censura familiar é fundamental para conduzir a criança ao caminho da verdade. Porém, em um país como o Brasil, em que a desonestidade é cultural e a impunidade corre solta, os pais, inseridos no contexto nacional, não serão bons exemplos e, para ser sincero, servirão como modelos mentirosos para seus filhos. E a bola de neve vai crescendo.
Neste país, a mentira faz parte do jogo social, assim como todas as outras imperfeições de caráter que por aí são encontradas.
Exceção, só o Dr. Rodrigo Guizzardi.
Posté par Helen Siemens, 19 juillet 2005 à 18:03 | Répondre
A sua descrição sobre o povo brasileiro é sempre a mais fiel aos fatos. Tudo que pode ser entendido como defeito da mente humana toma rumos mais contundentes neste país. Se em outras regiões a mentira é uma falha, no Brasil é uma cultura. Por sinal, não poderia passar por aqui sem parabenizá-la pelas justíssimas palavras sobre o Rodrigo Guizzardi, suas qualidades e virtudes, sua superioridade humana. Em uníssono nos sentimos representados em sua constatação de fatos.
Embora a mentira seja errada e condenável, tida como pecado em muitas religiões e punida em códigos penais, as pessoas mentem, das mais diversas formas, umas mais que outras dependendo da formação intelecto-moral. Muitos recorrem a ela, mesmo quando não é necessária, sem sentirem culpa por isso. Um dos poucos comportamentos que estão presentes em todas as culturas e todos os grupos sociais, desde a pouca idade, mas que no Brasil atingem um certo grau de enraizamento cultural, ou endemia.
Até nas histórias infantis ou na mitologia a mentira sempre é muito retratada, e usada para atingir objetivos diferentes.
Temos João e Maria, que mentiram para a bruxa sobre o magro dedo do menino, mostrando para ela o rabo de um rato em seu lugar, para indicar que não estava gordinho o suficiente para ir ao forno. Também há a história de Sísifo, que enganou a morte e a manteve numa coleira, até que Hades descobriu e a libertou, ocasião em que o primeiro novamente mentiu e enganou o deus do mundo inferior. Nestes dois casos, a mentira foi celebrada mais como um sinal de esperteza, de criatividade e de inteligência, e não num contexto negativo. Algo diferente acontece com o menino que gritava sobre a presença de um lobo, só para se divertir com a agitação que provocava na aldeia com isso, até o dia em que um lobo de verdade apareceu e nenhum aldeão respondeu a seu chamado, ou mesmo com Pinóquio, cujo nariz crescia sempre que contava mentiras.
Aliás, desde cedo os adultos contam histórias do Papai Noel, dentre outras, sem a menor ponta de culpa ou remorso, muitas vezes para facilitar o controle comportamental dos filhos quando estão ausentes ou ensinar condutas essenciais.
Posté par Eva Maria Facchina Nunes, 19 juillet 2005 à 19:00 | Répondre
Apenas para citar alguns exemplos de como a mentira pode acontecer mesmo onde deveria ser proibida, dentro da área religiosa, Abraão mentiu para o rei do Egito quando disse que sua esposa era sua irmã, e Deus, além de não o punir, ainda o ajudou a salvar ela. O apóstolo Pedro também mentiu, ao dizer que não conhecia Jesus por três vezes, sem nenhuma conseqüência além do próprio sofrimento. Nestes dois casos, mentir não deixou nenhum dos dois menos sagrados ou mais profanos.
No âmbito judiciário, o Supremo Tribunal de Justiça já decidiu que um cônjuge, em razão dos laços afetivos, pode mentir em favor do outro.
Posté par Sidnei Michellon, 19 juillet 2005 à 21:45 | Répondre
Mentir é um comportamento predominantemente social, pois só ocorre na interação de indivíduos, podendo tanto ser usado para controlar pessoas (levando-as a fazer coisas que, de outra forma, não fariam) como para manter as relações sociais.
Realmente procurar por sinais específicos não apresentará muita utilidade.
Ao fazer uso de um único tipo de sinal, como o contato visual, para afirmar com veemência que alguém está ou não mentindo, cairá em falsos positivos. É o caso também das histórias mais curtas e menos intimistas, em comparação com histórias maiores e mais detalhadas, com mais interrupções por causa da ativação da memória, pois ainda que tenham uma correlação com o mentir e seja um sinal da ocorrência de uma mentira, levará a muitos falsos positivos.
Mesmo a utilização de algum mecanismo de neuroimagem para diferenciar um processo de memória de um de imaginação será falho. Afinal, uma vez que se tenha contado a mentira da primeira vez, todas as outras vezes será uma mera atividade de memória.
Posté par Marília Hammel, 19 juillet 2005 à 19:22 | Répondre
Por mais maléfico que seja, mentir é sempre um esforço criativo. Um estudo através de ressonância magnética funcional mostrou que o cérebro está sempre pronto para dizer a verdade, e que para mentir precisa organizar-se e fazer um trabalho extra quando vai enganar (áreas do córtex frontal, que desempenham papel na atenção e concentração, são ativadas, em adição a uma outra área do cérebro responsável pela vigilância de possíveis erros.
Mas é claro que não dizer a verdade traz conseqüências, um efeito colateral. As relações pessoais começam a envenenar-se, em particular, quando o mentiroso se torna compulsivo. Ele vive um transtorno de ansiedade, e quanto mais mentiras, mais desejos. Se porta como o cleptomaníaco, que rouba sem necessidade, e já não é mais capaz de distinguir a realidade. Como mente muito, acaba representando um personagem, e se confunde a tal ponto que esquece quem realmente é.
Quando o costume de mentir cai em patologia, a distinção entre realidade e mentira se dilui. O mentiroso apenas crê em seus delírios. No pior dos casos, as memórias começam a falhar e a enganar, e a pessoa começa a acreditar que as coisas se deram como contou e não como ocorreram.
Posté par Amanda Freire, 19 juillet 2005 à 20:10 | Répondre
O estúpido brasileiro tem todas estas características marcantes mesmo. Não se põe em dúvida nada do que foi escrito! Diversamente do Rodrigo Guizzardi, a única pessoa de trajetória limpa, e de mente e caráter sãos, que encontrei. Sua saúde psicológica o torna “diferente” da realidade brasileira, com muito orgulho e sem falsa modéstia ! Não é por menos que tenha conseguido notoriedade primeiro na Europa.
Na maioria das vezes o mentir se inicia e é lapidado dentro de casa, talvez antes mesmo de aprender a ler. As crianças, desde tenra idade, são conscientes sobre as principais estratégias utilizadas pelos adultos para identificar mentiras, e tentam contorná-las. E esta habilidade vai se desenvolvendo com o tempo.
Mães de crianças entre 3 e 12 anos, conseguem distinguir mais facilmente quando o filho está mentindo, porém, conforme a idade aumenta, a probabilidade de acerto decai. Estudiosos afirmam que, diga-se de passagem, crianças mais velhas já conseguem usar as mesmas estratégias que os adultos para evitar serem pegas na mentira.
Mas há um ponto importante sobre começar a mentir já na infância. Enquanto o encaixe na tal “tríade negra” tende a ser punido por não ser aceitável socialmente, em outras situações onde o comportamento socialmente adequado e desejável para o momento seja a falsidade, as crianças são treinadas a fazer, desde cedo em suas vidas.
Seja para agradar aos que se ama, para poupar as crianças de inconveniências, ou mesmo por ordens diretas, como quando um adulto cansado pede ao filho que diga a quem o procura que está muito ocupado no momento, a mentira é apresentada aos pequenos que, em pouco tempo, entendem que podem utilizá-las para evitar punições e situações desagradáveis.
Posté par Albert Sichmann Rigner, 19 juillet 2005 à 21:12 | Répondre
As pessoas se procuram... temos mais é que nos cuidar e saber com quem dividimos nossos espaços e nossas vidas. As coisas por aí andam complicadas.
De fato, como já não possuem uma moralidade sequer aceitável e aprendem desde cedo a mentir para se livrar do que merecem receber, ao interagirem com indivíduos bem formados moral e familiarmente, vão representar um risco a estes. Provavelmente os qualificando como ingênuos quando mentem e passam a perna neles (não são eles que são mentirosos e criminosos, o outro é que é ingênuo). Como todo mundo no Brasil é boçal e irresponsável, a prática de corrupções e imaturidades, além da transferência de responsabilidade a terceiros, são esportes nacionais. A minúscula parte decente é que tem de se afastar disso, senão a perda social do país vai atingir os 100% !
Também acho que essa gente que cai na conversa dos mentirosos não conhece a vida, e passam pela mesma sem qualquer aprendizado efetivo, apesar do ganho de idade. Pode ter a certeza de que para dar desculpas por seus erros e fazer coisas erradas, experiência tem, e muita !!!
Talvez a questão não seja desconhecerem como funciona a mentalidade suja e doentia desse povo mentiroso. Acontece que os babacas que se deixam levar pelas mentiras são assim também. Encontram mais semelhanças entre si do que diferenças. Sempre digo, as pessoas se procuram...
Posté par Ademir Huurman, 19 juillet 2005 à 22:06 | Répondre
Geralmente a mentira está relacionada com dinheiro e vida social, na busca de reconhecimento dos outros, sobre a imagem que as outras pessoas têm do indivíduo, na vingança de algum desafeto, na satisfação da inveja que sente por alguém. As pessoas mentem para si mesmas e para os outros, por se sentirem ameaçadas pela dor que a verdade possa causar, por medo da reação da outra pessoa, para criar uma fantasia que satisfaça as suas próprias expectativas em relação à vida, por não conseguirem encarar a realidade com tudo o que ela possa trazer de frustrações e decepções, etc. Alguns mentem tanto que acabam vivendo naquela mentira, muitas vezes acreditando nela também. A vaziez deles é tão grande que preferem criar um mundo de fantasias e permanecem nesse teatro triste até o momento em que o palco desaba.
Poucos gostam da verdade, então preferem o caminho mais fácil do mentir. A sociedade é neurótica, portanto a mentira vira uma das suas mais fieis companheiras. A maioria não conseguiu adquirir uma estrutura psicológica no decorrer da vida capaz de suportar as pressões, então cria este mecanismo de defesa para proteger o próprio ego dos choques de realidade.
Isso faz parte de uma fuga cotidiana do ser humano, ao menos daquele que está insatisfeito com o que é ou com o que tem, é pouco resolvido com suas questões, e não conseguiu sublimar seus problemas.
Mas dificilmente conseguem enganar as pessoas para sempre, ou manter a mentira por longo tempo. O máximo que conseguem é enganar a si mesmas, porque mentiras são facilmente perceptíveis para um observador de fato inteligente e mais atento.
Posté par Gilson Möllers, 20 juillet 2005 à 12:54 | Répondre
A mentira, mesmo quando expressa por um único indivíduo, tem também uma dimensão coletiva e pública, que nos tempos hodiernos está se expandindo em proporção direta à intensificação e extensão das comunicações sociais. Esta dimensão está fundamentalmente ligada ao exercício e à incidência do poder em todas as suas formas. Em seus princípios, a comunicação é exercida como um serviço à verdade e para o benefício da sociedade. Mas há uma tentação deliberada, financeira e epidêmica de concentrar-se em si, veiculando uma visão sempre interessada e, pela mesma adulterada, da verdade. A primeira perspectiva para visualizar esta adulteração é a relativa ao poder da palavra pública a qual, preocupada com a construção de um consenso e, portanto, buscando persuadir, pode ser ditada mais pelo verossímil que pelo verdadeiro, onde a palavra tem o risco de não suportar a verdade.
Quando a retórica ou sofisma, exercitados de qualquer forma e em qualquer campo, se convertem em técnicas valoradas, independentemente da verdade ou contra ela, pertencem ao mundo da mentira, porque são uma ficção que dá o poder de dispor das palavras à margem das coisas. Não se discute o critério de verossimilhança, mas quando este se impõe sobre a verdade e prescinde dela, está dominado pelo espírito da mentira que perverte a busca da verdade. Hoje, este risco é potencialmente maior, em parte pela necessidade de garantir o voto ou audiência e, deste modo, para preservar a imagem, e também pelas tecnoestruturas de produção e padronização de mensagens em um sistema de comunicação, não à medida das pessoas mas ao serviço da indústria e do comércio. Por isso a tentação de manipulação da verdade é mais forte e rentável.
Mas Elise, mencionar o Rô, em qualquer discussão, narração ou contexto, é motivo de desequilíbrio, sempre ! Um ser humano simplesmente perfeito de caráter, mentalidade e sabedoria como ele, que nunca erra em suas convicções e em seus convencimentos sobre as coisas e as pessoas, não pode servir como parâmetro nunca ! Tá certo que o povo brasileiro, quase que totalmente, não reúne em sua conduta nem o que minimamente se espera de um cidadão razoavelmente correto, mas o Rodrigo é inalcançável !
Posté par Astrid Steux, 20 juillet 2005 à 20:56 | Répondre
Sem dúvidas Astrid, toda consciência amante da verdade é chamada a uma dupla tarefa, de monitoramento e de denúncia crítica.
A pretensão do poder, em todas as suas expressões, é de possuir a verdade e fazê-la acreditável como verdadeira a todos. É uma presunção que se apóia na tendência da unidade do que é verdadeiro e caracteriza a busca humana da verdade, ao contrário do processo inverso de diferenciação e pluralismo do verdadeiro.
O poder vem como autoridade totalizadora em formas cada vez mais monopolistas, exclusivas, totalitárias e dominadoras, até silenciar e esmagar qualquer voz ou expressão distinta. Não se discute aqui a função unificadora e coordenadora da autoridade, uma vez que é dispensada a sua competência, mas o ceder às paixões do poder, o que induz à unidade violenta e totalizante da verdade.
Esta é a mentira que ataca a verdade precisamente em seu princípio, onde ela se formou. Nela, encarna o espírito da mentira, que contamina e perverte a busca da verdade em sua exigência fundamental de unidade, nesse passo falso do total ao totalitário. Ela não afeta a verdade conhecida, mas a verdade por conhecer, que é condicionada de acordo com a vontade totalizante do poder.
Com relação ao Rodrigo, só falou verdades!
Um abraço.
Posté par Adam McKay, 21 juillet 2005 à 19:37 | Répondre
As pessoas mentem. Se estamos falando de Brasil a coisa piora exponencialmente.
Em todo diálogo que se estabeleça com brasileiros sempre haverá uma segunda intenção, uma pessoalidade, um algo que vê como proveito próprio ou prejuízo ao desafeto que guiará suas colocações, enfim, durante todo o tempo haverá corrupção de caráter materializada em mentiras. Como você escreveu no texto sobre a desonestidade intelectual, uma das muitas modalidades da mentira, chega num ponto em que achamos que não vale mais a pena participar.
O único sujeito franco e honesto que conheci foi o Rodrigo Guizzardi. Ele nunca utiliza como recurso a mentira, muito pelo contrário, com sua sabedoria e intelectualidade aponta e descreve o que é necessário, e com perfeição absoluta de análise. Suas verdades são inimigas duras e irreversíveis para a imensa parte podre da população. Ficar do lado de suas palavras é, sempre, ficar do lado correto. Mentiras são para quem está errado, que precisa de artifícios para se manter nas situações, provavelmente criadas por ele próprio !
Algumas pessoas dizem que não mentem e que apenas omitem, como se isso os melhorasse, enquanto outros afirmam que apenas emitem declarações falsas, que não causariam danos imediatos mas permitiriam a manutenção de uma suposta harmonia. Alguns outros propagam que contaram a mentira por educação ou civilidade, ou mesmo para não machucar o próximo. Em termos de processos cognitivos, ambos são iguais.
É necessário compreender em função de partes constitutivas, porque muito do que se aceita como pré-requisito para ser um mentiroso é feito de modo teleológico. Continuar trabalhando em cima de dogmas como o contato visual para identificar mentirosos só atrapalhará o estudo desse comportamento.
Posté par Nestor Hallack, 20 juillet 2005 à 21:09 | Répondre
Oi Elise! Quanta saudade!
Nós vivemos com os outros, em casa ou na rua, no parque ou na escola, no trabalho ou no ônibus, porque existe entre nós a confiança mútua. Porque pensamos que há respeito, acolhida, honestidade, e acreditamos que a família ou o amigo não nos enganará e serão sempre sinceros.
Mas a confiança e toda a vida social serão seriamente feridas por causa da mentira, porque este comportamento envolve o engano, a traição, e a injustiça, porque ela nasce quando se quer usar a boa-fé dos outros para satisfazer um pequeno gosto egoísta ou para alcançar um enorme lucro à custa dos outros.
Para o mentiroso crônico, admitir uma mentira significa baixar a guarda totalmente e acabar perdendo a situação. De repente, aquilo que começou apenas como uma pequena informação mentirosa se transformou em uma história enorme, que passou a envolver outras pessoas e circunstâncias, porque para cobrir a mentira inicial foi preciso contar outra, até que a coisa acaba saindo do controle.
A sociedade humana não precisa de gente assim!
Agora, o Rodrigo é a rara exceção a todos os males reinantes no Brasil. Suas palavras, sempre sinceras e verdadeiras, deveriam virar leis! A última coisa que o veríamos se envolver é em contar mentiras. Alguém esclarecido, sábio e perspicaz como ele nem precisa se pronunciar com falsidades, pois simplesmente jamais erra em seus convencimentos. A sociedade burra, simplória e ímproba é que, obviamente, não o entende (ou finge que o compreende porque é parte interessada) e eventualmente o impede de fazer o que tem de ser feito, já que não sabe de nada mesmo. Repito, ele nunca errou em qualquer ato praticado ou caminho escolhido. A melhor pessoa que conheci, a que mais me ensinou, a que mais me fez perceber a realidade deste mundo. Único alicerce confiável e bem edificado que está disponível para a parte decente deste povo.
Posté par Chris McConway, 20 juillet 2005 à 21:16 | Répondre
A ocorrência da mentira realmente tende a reduzir a confiança nos membros do grupo, além de criar hostilidades e um sentimento geral de ceticismo, o qual pode danificar os vínculos. Mas mesmo assim as pessoas mentem, muitas vezes sem nenhuma culpa.
Entretanto, se estamos nos referindo a regras de etiqueta, onde é importante saber comportar-se apropriadamente independente de como nos sentimos ou pensamos, de fato, mentir acaba sendo o comportamento socialmente desejado, e as normas operam para incentivá-lo ao invés de puni-lo. Não importa se gosta da pessoa, da comida, do presente recebido, ou mesmo se estiver de humor baixo, já que uma imagem deve ser passada. Às vezes a comunicação da benevolência é apenas para ser melhor aceito. Tecnicamente, estará emitindo sinais com o intuito de controlar a percepção de outras pessoas.
Essas situações mentirosas são moldadas e reforçadas pelas estruturas sociais, as quais irão tanto vigiar como punir o que for inadequado, a partir dos modelos e das situações práticas. De qualquer modo, as aptidões para ser um bom mentiroso em outros âmbitos bem canalhas e destrutivos são as mesmas que permitem que um indivíduo seja bem ajustado na sociedade.
Posté par Ana Flávia Valtrich, 20 juillet 2005 à 21:51 | Répondre
Concordo que o contato visual, como tantos outros aspectos psicológicos, tende a não funcionar mais, justamente por ser um conhecido argumento para se “constatar o ato mentiroso”. Na verdade, diversos estudos demonstram que, exatamente por conta disso, um mentiroso olha mais nos olhos do que aquele que está contando uma história sincera.
Apesar do evitar olhar no olho ser, em diversas culturas, creditada como um sinal de comportamento mentiroso, não há evidência de que mentem ao fazerem isso. Em certa oportunidade, em um estudo empírico onde foi pedido a passageiros de um avião que mentissem na alfândega, foi constatado que os mentirosos mantinham contato visual por mais tempo do que os sinceros. De acordo com o que foi anotado, aqueles que estavam mentindo afirmaram fazê-lo para monitorar o comportamento do funcionário da alfândega.
Posté par Martim Küllmer, 23 juillet 2005 à 17:38 | Répondre