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Elise Dawson
16 janvier 2004

A democracia dos ditadores.

 

A discussão sobre o mito da democracia não é recente nem se restringe ao território brasileiro, mas é neste local, assim como tantas outras coisas, onde não daria certo. Não existe hoje nenhuma corrente de opinião significativa que não defenda a democracia e não se afirme democrática, entretanto todos são limitados no conhecimento sobre o conteúdo deste termo e, principalmente, sobre seus princípios e aplicações práticas.

No Brasil, quando se discute esta utopia, se menciona muito a atuação do legislativo e do judiciário, na verdade a administração pública como um todo, que ininterruptamente se baseiam na democracia mas em muitos pontos, institucionalizados inclusive, não a seguem. Não é incomum, por exemplo, que em nome da liberdade este sistema casse a liberdade, que em nome da igualdade imponha a supremacia, que em nome da representação consagre monopólios.

Nesta época de democracia liberal, digital e alienóide, uma mentira que seja compartilhada mil vez torna-se uma verdade. Apesar dos políticos serem os alvos principais das acusações populares e, assim sendo, considerados responsáveis por todos os problemas do Brasil, eu mantenho aquele pensar de sempre, a de que o povo desta terra é desajustado e despreparado, em seus princípios, conceitos e intelecto, e que, portanto, tudo o que sai ou é produzido por ele, inclusos políticos, legisladores, agentes públicos e aplicadores da lei, também o são.

Existe um déficit civilizatório neste país. Como se já não bastasse a cultura de corrupção, vagabundice, futilidade, incapacidade e imaturidade, da renomada inversão de valores, e do se aproveitar de todas as oportunidades, seu povo, independentemente da classe social, desconhece aspectos elementares como a diversidade de opiniões, o respeito às diferenças e à individualidade, ou o direito de defesa, regras em sociedades conscientes e probas. Todos afirmam que estudar é importante para o aumento de perspectivas e a melhora de diversos âmbitos na vida de um cidadão, mas poucos se esforçam na aprendizagem, e a maioria ainda responsabiliza o Estado pelo pouco grau de instrução que teve, embora a escola estivesse disponível para esta parcela que, em suas escolhas, não quis se aprimorar nos estudos.

A essa massa acéfala falta tudo, inclusive uma cultura democrática. E devido a essa carência, essa gente cai na intolerância, no ódio e no preconceito, onde as possibilidades de injustiça e violência aumentam de forma mais contundente porque estes bichos, que já não conseguem resolver suas questões particulares, decidem julgar e sentenciar os próximos com a boçalidade e os valores distorcidos que lhes são peculiares e a excluir quem lhes é dessemelhante nos pensamentos e nas atitudes. As pessoas mantêm suas relações com o próximo de uma forma seletiva, egoísta e sem responsabilidade, preocupando-se apenas com o seu ser e se esquecendo que dividem espaço com outros de visões diferentes. Um círculo vicioso se perfaz no setor político e administrativo, pois a falta de consciência endeusa a demagogia, e a falta de uma cultura democrática favorece um sistema político completamente disfuncional. Se na vida pessoal e no cotidiano desse povo as questões fundamentais funcionam nesta realidade, como enxergar a utilização da democracia em um contexto maior, como um movimento nacional quanto às grandes causas sociais que direcionam o país e a humanidade?

Democracia é a convergência das divergências, o que parece irreal no Brasil, onde não há campo para o diálogo já que todos se sentem donos da razão e, no fundo, ninguém sabe de nada ou pensa racionalmente. Os lados envolvidos se digladiam, esperneiam, vociferam, mentem, manipulam, se agridem e se humilham uns aos outros para manter para si a razão, sempre alimentando o ódio contra a parte contrária. Especificamente quanto à esfera política, a população não procura mais os telejornais para se inteirar das notícias, mas para se deliciar com lavação de roupa suja, com troca nervosa e baixa de acusações mútuas. Ou vão me dizer que o brasileiro médio se interessa pelo noticiário porque tem engajamento social e político?

Se por um lado é maravilhoso que a legislação atenda aos mais variados tipos de desavenças sociais, e que o judiciário pudesse acolher com rapidez e estrutura à exposição e análise de todas estas discórdias, por outro lado é sabido que a imensa necessidade de procurar os tribunais que vemos nos últimos anos tem muito a ver com a falta de conversa entre as partes, muitas vezes porque uma delas simplesmente não quer cumprir o que sabe que deve ou está contratado, e em outras tantas porque, mesmo sabendo que está errado, "paga pra ver".

O povo brasileiro não é democrático, sendo incapaz de pensar coletivamente e caindo no mais absoluto individualismo nas suas relações sociais, onde se nega ao trabalho em equipe e ao auxílio do próximo, enfim, a tudo que signifique o bem de uma coletividade. Quando ele se move por alguma coisa, fútil ou não, o faz somente em proveito individual. Ele não gosta da democracia porque esta pressupõe direitos iguais para todos, isto é, de maneira coletiva e não individual, na qual poderia ser privilegiado, como nos casos do diplomado preso que ganharia o conforto de uma cela individual ou do empregado, tido como vulnerável e de parcos recursos na legislação trabalhista, que vence um processo armando uma cilada contra seu patrão com base no que a lei oferece. Também não gosta de ordem e de leis, a menos que as mesmas lhe sirvam, por isso clama por punições a políticos e terceiros e por perdão para si.

A população destas terras aprendeu a caridade pela culpa religiosa, e não pela alteridade ou pela fraternidade, até porque estas duas últimas tornam os homens iguais. Esta é uma sociedade preconceituosa, narcisista e fechada, onde é muito mais fácil e cômodo apontar e criticar os erros dos outros do que tentar entendê-los ou respeitá-los, ou mesmo do que olhar para dentro de si e se mudar. O medo do diferente, do novo, da evolução, da construção, do que pode ferir seus dogmas, do que pode retirar do seu pedestal, ou do que faz com que seus erros, fraquezas, falhas e deficiências sejam descobertos, lembrados ou reprovados, é um grande agente nas vidas das pessoas, particularmente quando nos referimos a um povo doente de caráter e mente. Por isso o diferente é rejeitado com base no individualismo, na aversão à diversidade cultural e a tudo que é moderno, não importando o quanto de estudo o indivíduo rejeitante tem.

Os debates dialéticos são impossíveis, assim como as conversas de mera exposição ideológica. Muito comum a intromissão em discussões que não envolvam relevância alguma, ou a invasão de questões de cunho particular em decisões de foro absolutamente pessoal, em muitas vezes, também correspondentes a assuntos e teses frívolas e dispensáveis. Na ânsia de se expressar sobre questões onde deveria seguramente ficar calado, este estorvo social acaba impondo o que tem para falar. Um pouco de tempo passa e a conversa descompromissada transforma-se em acusações e teses científicas, repletas de argumentos de quem se acha autoridade na área que pretendem somente humilhar e de falácias que têm apenas o objetivo de destruir e manter para si a razão, sem qualquer sinceridade. Olha, me permita ter uma visão bem objetiva : se tivéssemos uma população sábia, madura, independente e inteligente, a situação até poderia funcionar desta maneira pelo nível de assertividade que teríamos, mas ela está longe de ser assim.

Em síntese, colocar a democracia nas mãos de um brasileiro é como entregar uma granada para um macaco.

Em meio a tantos outros aspectos nocivos, a sociedade brasileira, enquanto sociedade, aos poucos se desmorona, e os interesses pessoais ficam mais evidentes. Um momento oportuno para que setores como a mídia se aproveitem desta fragilidade social para divulgar discursos que chamem a atenção dos que são confusos e fragilizados, disseminando o fundamentalismo e seus valores conversadores, fúteis, intolerantes e reacionários. 

Cansei de ver manifestações de professores da rede pública, pela TV e principalmente quando morava próxima da Avenida Paulista, em São Paulo, ocasiões em que se notava uma imensa sujeira espalhada por onde os mesmos passavam. Lixeiras estavam um ou dois metros de distância de onde aquela gente "estudada" estava, no entanto, jogavam os restos de salgadinhos, sanduíches, sorvetes, guardanapos, laranjas, ou seja lá o que for (já vi absorventes sendo descartados por professoras, na rua!), diretamente no chão, no lugar onde estavam sentados ou de pé. Mas não é este pessoal da educação o responsável pelos adultos do amanhã, os que moldam as mentes futuras, que educam, acompanham e cuidam de nossos filhos!?? Então, qual o tipo de exemplo que os alunos estariam tendo!?? Se é como vi nos protestos, nosso futuro está condenado! Esse tipo de gente que exerce a atividade docente (pelo menos na teoria), que exige direitos e respeito do Estado sempre com muita convicção em manifestações permitidas pela democracia, respeita quem!?? Será que cumprem com seus deveres, afinal a democracia também pressupõe o honrar suas obrigações como cidadão!??

Pela mídia acompanhei inúmeras greves de motoristas e cobradores de ônibus. Os grevistas ficavam nas portas das garagens das empresas, na frente dos que não aderiram à paralisação, para impedi-los de sair com os veículos. E quem não se aliava era arrancado dos bancos dos ônibus e agredidos por pensar diferente. Os grevistas desejam um movimento forte e total, portanto com a participação de todos, mas e a democracia? Tem trabalhadores que pensam diversamente, é uma questão de liberdade de expressão! Esse povo apanhava de polícia no período da ditadura, onde não eram permitidos movimentos grevistas, para terminarem nisso!?? Quem não concorda tem de ser respeitado, senão as lutas de liberdade não deram em nada, apenas mudaram de lado!

Eu acho linda aquela história democrática de lista de bens impenhoráveis para salvaguardar a dignidade humana do devedor, apesar de ser um devedor (este berra por justiça e por punições exemplares a todos os outros que transgrediram regras legais ou sociais, porém não quer nenhum tipo de cobrança contra si). Se bem que quanto ao credor, que trabalha com dignidade, paga os devidos impostos pelos produtos que comercializa, e recebe um cheque sem provisão de fundos como pagamento pelo que vendeu, ninguém se preocupa. Ora, o devedor contumaz já faz suas compras de má-fé, sem a intenção de pagar, e ludibria, com a conivência de parentes e conhecidos, o oficial de justiça quando este bate à sua porta para intimações, confiscações de bens e notificações. Ademais, sabedor da lista mencionada acima, já passa seus bens para nome de terceiros no intuito de fugir de eventuais penhoras. O verme usa o que a democracia lhe garante para o mal.

Tem um monte de blogs e websites, de conteúdo político, religioso, esquerdista, feminista, lgbt, e de uma porção de outros grupos e ramificações ideológicas que, até bem pouco tempo, reclamavam da falta de respeito, de espaço para apresentar suas visões da sociedade, e das agressões e exclusões de participação que sofriam do mundo dogmático de outrora. No entanto, quando se deparam com alguém, em suas colunas e comentários, tecendo críticas (mesmo sem palavrões, leviandade ou refutação barata, apenas colocando um ponto de vista diferente e contestador) simplesmente excluem o indivíduo discordante caso seja um membro, ou apagam sumariamente a mensagem que tenha enviado sob os argumentos mais variados, porém sempre radicais e agressivos. Negam-se completamente a aceitar que existem outras convicções neste mundo, a despeito do fato dos movimentos aos quais estão ligados, assim como tudo nesta vida, merecerem revisão e correções. Promovem exatamente o que sofriam no passado, aquelas eternas reclamações nas quais se apóiam para justificarem-se. O radicalismo e a negação do próximo são os mesmos, talvez nas mesmas intensidades. Os lados é que mudaram.

A ditadura militar terminou em 1985, mas o governo Sarney ainda foi de transição. Tomo a liberdade de apontar a atual "democracia" que conhecemos como iniciada com a promulgação da comemorada "Constituição Cidadã" de 1988 e, em especial, com a eleição direta presidencial em 1989. Pois o brasileiro de hoje, que atinge mais facilmente a instrução universitária, continua tão radical nos momentos de demonstrar tolerância às diferenças e de aprender a conviver com opiniões contrárias, quanto o de outras épocas, que vivia em sistemas sociais e políticos dogmáticos e não galgava uma alfabetização completa.

Como os pais, líderes, e autoridades em geral, são incapacitados e desonestos, então não haverá democracia. Como as pessoas deixam de se aplicar na formação educacional, mesmo sabedoras de que é isso que faz diferença na vida (pelo menos se lembram disso quando apanham dela), ou em qualquer outra atividade que necessite de atenção, dedicação e esforço, e preferem jogar nas costas do governo as dores e lamentações de suas totais responsabilidades, então não haverá democracia. Enquanto o brasileiro for o que é, e continuar com o tipo de valor fútil e inútil que culturalmente consagrou, IMPOSSÍVEL A DEMOCRACIA!

Não existe democracia se o indivíduo pede punições ao outro mas não aceita reprovações a si mesmo, inclusive quando sabe que errou. Não existe democracia se o idiota se intromete nos problemas alheios com veredicto definido porque tem algum problema pessoal com ele ou porque se envolveu por clima de excitação e entrou na onda. Não existe democracia se sabe que um terceiro merece punição mas não deixa que um outro puna este porque mantém uma relação amistosa com o terceiro ou é desafeto de quem está procurando fazer o justo. Não existe democracia se criminoso, devedor e sem dignidade for tratado como inteligente e herói, e cidadão honesto e íntegro o for como bobo, trouxa e ingênuo. Não existe democracia se o brasileiro aplaude quem errou e venceu, e ridiculariza quem fez a coisa certa e perdeu. Não existe democracia se o oportunismo, o levar vantagem em tudo, e a "esperteza" em seu sentido negativo, norteiam as relações. Tá bom, vamos direto ao ponto, NÃO EXISTE DEMOCRACIA SE ESTIVERMOS FALANDO DE BRASILEIROS!

A democracia é um objetivo programático do homem, portanto um bem um tanto complicado de ser aplicado e vivido com perfeição e plenitude. Porém, no caso do Brasil, chegamos fácil à conclusão de que, assim como com diversos outros termos, ações e gestos básicos da convivência social e do desenvolvimento sadio e progressista humano, é quase impossível implantá-la pelo próprio modo como o povo deste país culturalmente enxerga a vida e os valores.

O brasileiro tem a democracia, mas falta a ele manuseá-la apropriadamente, assim como é com tantas e tantas outras dádivas indispensáveis, inteligentes e empreendedoras para uma sociedade que preste, algumas delas já em sua posse e outras ainda não. E que o futuro me ouça, destas últimas, espero que nenhuma venha para essa população para que não seja deformada como as demais.

Em toda minha vida de Brasil, o querido e incomparável Rodrigo Guizzardi é o único que conheci que se encaixa no modelo de praticante correto da democracia, que merece ter participação total e irrestrita em um regime democrático por não apresentar, em seu caráter e conduta, absolutamente nenhuma das faces negativas deste povo comentadas neste texto. Portanto, o único com moral para exercer a democracia e recebê-la, e nela exigir ou falar algo! Nunca vi estes ignorantes ditadorezinhos por aí, esses animais estúpidos e corruptos que atiram no escuro e falam sobre o que não sabem, ter vez com ele. O único fora desta massa imbecil e circense, e também o único que com o qual ela nunca teve espaço ou oportunidades. Já se tornou um hábito pedir desculpas ao Rodrigo pelos dissabores da imundície do povo desta Nação inviável, dever ao qual me uno.

Posté par Elise Dawson

 

 

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Commentaires (10)

 

O que é de direito não consegue ser de fato. Pelo bem da verdade, as próprias obrigatoriedades do voto e do serviço militar já atentam contra a democracia.

A democracia é um mito que assume proporções de paixão coletiva por algo abstrato e intangível, cuja existência e materialização não é nada mais que uma utopia sarcástica mantida por uma falsa sensação de poder que, neste país, fica entre o impossível e o improvável.

Eu digo que a democracia é inviável no Brasil, como todas as suas palavras comprovam em críticas muito bem dirigidas ao pensar e agir médio deste povo ditador. Chega dos clichês em forma de cobranças ao poder público. Quem merece ser repensado é o povo de onde os agentes e funcionários estatais saíram, o lugar onde formaram sua ética e comportamento, o cerne podre que os incumbiu das funções que ocupam, por voto ou não. Só vamos ter uma verdadeira democracia no dia em que a população tiver moral para se referir aos políticos quando exigir deles uma conduta melhor. E esse tempo ainda vai demorar.

Exceção a tudo, só a inatingível postura do Rodrigo Guizzardi.

Posté par Priscila Ladwig, 16 janvier 2004 à 18:09 | Répondre

 

A democracia é um mito que teria surgido na Atenas antiga, em uma sociedade sustentada por escravos. Dois milênios depois, e os trabalhadores mal remunerados e coisificados não são nada mais que os escravos da Atenas antiga. A famosa democracia representativa, como a conhecemos, é fruto de um projeto social concebido cerca de trezentos anos no seio das revoluções iluministas, liberais e reformistas iniciadas no século XVII em uma Europa vinda da sombria Idade Média. No século XX a democracia ganhou dois novos suportes para se tornar o elemento crucial na organização social moderna ao abrigar o contingente populacional que vinha dos campos para os pólos industriais- a propaganda e o consumo de bens de massa.

Então, na democracia ocidental a propaganda política ganhou a forma da propaganda de consumo de massa. Os eleitores cujos anseios e impulsos foram gradativamente domesticados pela propaganda e pelo consumo de massa, nem que seja mantendo aceso o mero desejo de consumir, são péssimos tomadores de decisão e alvos fáceis para as grandes corporações, os verdadeiros controladores de grande parte dos partidos políticos em um sistema democrático governamental. Os grupos de manifestantes simplesmente levam para as ruas as demandas estrategicamente arquitetadas pelos que detém o poder.

Posté par Thales Vinicius Montanaro, 16 janvier 2004 à 19:45 | Répondre

 

Oi Elise.
De fato o Rodrigo é a exceção absoluta à regra brasileira. Alio-me ao Sr. Mauro Hodges implorando perdão a ele pelo que a sociedade deste país é e pela mesma ainda se esforçar para ir mais fundo neste poço.

A aversão ao diferente é preocupante pois gera conflitos, e conseqüentemente agressões físicas, verbais ou morais, levando ao ódio. O individualismo, o preconceito, os estereótipos, o etnocentrismo, a não aceitação às diferenças, a ira, a hostilidade e a intolerância fazem parte da história do povo brasileiro.

Tolerar é respeitar e compreender que as diferenças são importantes para o aprendizado de cada um. Quando o respeito ao próximo deixa de ser importante, as diferenças entre as pessoas passam a ser vistas como um problema, e não uma forma de aprendizado. Quando o respeito não é base para qualquer iniciativa não se poderá esperar o melhor de um país.

Para os políticos e a mídia tudo isso que vem ocorrendo é vantajoso, pois podem se utilizar disso a seu favor manipulando este povo perdedor.

Posté par Lisa Alleway, 16 janvier 2004 à 20:17 | Répondre

 

As pessoas no Brasil realmente são muito imaturas, boçais, irresponsáveis, sem independência de opinião, e quando entram nos problemas alheios em nome da ética é para fazer média e jogo de cintura, e não para fazer o certo. Vivem reclamando da falta de coragem, de corporativismo, ou de coerência de políticos, policiais, e autoridades em geral, mas fazem a mesma coisa quando se acham capazes de tomar as rédeas de alguma situação de outrem, e acham que estão certos e não merecem reprovação. Que os outros sempre sejam punidos por seus supostos erros, e nunca ele próprio, que merece condenações, e muitas!

Estes imbecis ingressam na questão pessoal do outro com a bandeira da justiça e da melhoria social, mas depois que estão dentro do problema já não se preocupam mais com esta bandeira, apenas com sua sobrevivência. E toda vez que ficarem diante de um erro próprio, ou com um acerto daquele que estavam condenando, vão dar vazão à covardia e aos males morais que possuem (aqueles mesmos que vivem dirigindo aos políticos e criminosos, pelo suposto bem social), acham que estão certos e não querem ser punidos por nada, tudo apesar da bandeira ética que até então empunhavam com a galhardia de um boçal. E a situação, que já não era boa desde o início, ficou pior por causa deste lixo, que usa todo tipo de argumento vazio e de racionalização de culpa a terceiros para deixar as coisas como estão e não serem punidos pelo que sabem que erraram.

Se era para tornar o problema pior, por que esses vermes se meteram onde não deviam ou onde não agüentaram? Já não são nenhum tipo de autoridade social, ao contrário, se aquilo que condenam nos próximos fosse aplicado neles, deveriam estar presos, talvez mortos!

Quando maus elementos, burros e maus-caracteres resolvem corrigir os problemas sociais, e eles não têm força nem para corrigir os próprios infortúnios pois teriam de mudar a si, a emenda sai pior do que o soneto, e quem perde é o outro e não o imbecil que entrou na história e errou! Em vez de termos um “país passado a limpo”, como tanto gostam de proclamar, o Brasil acaba mais sujo ainda!

Posté par Daniela Avila, 16 janvier 2004 à 21:03 | Répondre

Pois é Daniela, já que o bobão covarde se meteu na vida alheia com tanta indignação e firmeza para “melhorar o mundo”, seria de se imaginar que na hora do “mea culpa” não tivesse problemas em assumir as conseqüências de seus atos, certo? Mas não é assim que funciona com o povo despreparado e corrupto deste país, e o que acaba se vendo é exatamente o contrário, se o bosta sabe que está errado e sabe que deve enfrentar a responsabilização dos atos que quis cometer por livre arbítrio, mas não tem coragem para isso, demonstra todo o seu mau-caratismo e seus desvios de índole, tornando a situação mais problemática e impondo ainda mais injustiças contra aquele que sabe que está passando por coisas que não merece.
Aí, provavelmente, a questão vira uma perseguição para o intrometido livrar a própria cara dos encargos, para a terceirização de suas responsabilidades, e para o ajustamento das coisas, sob os mais diversos argumentos sempre favoráveis a si e nunca a quem sabe que está sendo injustiçado. Quando a situação vira, o mau-caráter mostra o que realmente é, muito parecido com políticos e autoridades incompetentes e corruptas por sinal. Como não agüentou as conseqüências do que quis fazer, aquele que entrou “sério” e “decidido” na vida alheia “em nome da boa sociedade” para “fazer o certo” e “punir quem erra” já que é “muito decente”, simplesmente fala que você, que o olha com óbvia reprovação pelo que fez, está levando a vida a sério, que a vida é assim, que todo mundo erra então merece perdão (o bosta não estava perdoando a verdadeira vítima da história, muito pelo contrário, está errando e terceirizando responsabilidades para que ela continue como culpada) ... E o outro, já injustiçado, fica com um problema maior ainda!
Como você disse, são boçais, daquele tipo que não deveria participar da sociedade, cujo mal maior é votar e criar filhos, porque faz nossa sociedade perder. Entram no problema do próximo por fofoca e não por informação concreta. Como têm medo de enfrentar o lado mais forte fazem questão de entrar ao lado deste, com veredicto definido contra a parte mais fraca que, inclusive, é a que está certa na história! Afinal de contas, qual o motivo dessa merda de animais não ficar quieta no canto, cuidando do próprio rabo!!??? Por mim tínhamos de mandar uma nave direto para o sol, entupida de políticos e de animais como estes dos quais estamos falando! Não fazem falta!
Com um povo sujo e desonesto assim, impossível construir uma democracia! Por sinal, impossível construir qualquer coisa que valha a pena!
Rodrigo, peço sinceras desculpas pelo constrangimento e pelos desgostos que esse povo perdedor lhe faz passar !

Posté par Cássio Siemens, 17 janvier 2004 à 19:42 | Répondre

 

A democracia é um eterno projeto inacabado e em permanente transformação, uma perseguição interminável de novos ideais e direitos. No exótico Brasil, onde tudo acontece às avessas, ela é mais que incompleta, deturpada e seletiva, pois simplesmente nunca existiu nem nunca existirá.

Os otimistas costumam dizer que o Brasil tem uma experiência democrática muito nova. Então, como tudo é novo, fica mais difícil, mas é no debate público, no convívio com as diferenças, arriscando, errando e mudando que essa cultura democrática vai ser construída. A crise econômica, e a insegurança que ela traz, somada à onda de violência e criminalidade deixam as pessoas amedrontadas, causando dificuldade de reflexão. Eu acho que acreditar nisso tudo é como acreditar na antiga máxima “Brasil, um gigante adormecido”, pois as décadas passam e esse gigante não acorda nunca.

A questão do brasileiro não é errar porque é imaturo e, com o ganho de experiência, vai começar a acertar. Sua problemática é idolatrar a desonestidade e a falta de cultura. O brasileiro não sabe das coisas, e não quer saber. A incompetência e a leviandade são endêmicas. Vivemos em uma sociedade de adultos-crianções, sem aptidão para exercer quase nenhuma função social que exija um mínimo de responsabilidade. Estudados e analfabetos estão nivelados, moralmente dizendo. Qual a razão para acreditar que a população vai amadurecer e usar com consciência o regime democrático? Acho mais fácil pegarem o sentido da palavra “democracia” e distorcê-la, talvez nomeando o que existe por aqui como “democracia à brasileira”, o que não será, evidentemente, o que deveria ser, e assim não servirá de nada.

Posté par Catherine Renner, 16 janvier 2004 à 22:25 | Répondre

 

Concordo Elise, o povo brasileiro não é democrático !
O despreparo populacional já vem de uma independência servida de bandeja e também de uma República, tida como democrática, conquistada por emaranhados de políticos e intelectuais escudados por um momento mundial que lhes foi providencial, e não por meio de uma revolução cultural ou por uma interação total.

A democracia é utópica, um ideal programático, um objetivo apenas a ser perseguido mas nunca a ser plenamente alcançado, principalmente em se tratando de regiões como a América Latina (que conhece culturalmente pouco este termo). No caso do Brasil, cuja famosa má formação do povo o precede, é impossível vivê-la.

Posté par Paulo Henrique Alessi, 17 janvier 2004 à 17:56 | Répondre

 

Excetuando o Rodrigo Guizzardi, o Brasil é um país caracterizado pela intolerância, composto por uma população que, na prática cotidiana, não admite divergências e deseja aniquilar aquele que pensa diferente por algum meio.

Durante muito tempo a imagem do país abençoado por Deus, como um povo pacífico, feliz e simpático, foi decantada. Aliás, só de apontar algo diferente desta tese certamente já traz discussão e antipatia, portanto, a perseguição dos que pensam diversamente.

De qualquer modo, eu nunca tive dúvidas de que as pessoas se esforçam para manter um quadro positivo para estrangeiros, apesar dos freqüentes assaltos e mortes de turistas, mas em relação aos seus conterrâneos digo que isso nunca existiu. As carentes necessidades psicológicas deste povo, e o populismo de políticos, artistas e esportistas, nunca deixaram que fôssemos entendidos como feitores açoitando negros, bandeirantes caçando e matando índios nas matas, e poderosos circunstanciados escarnecendo os que abaixo deles estão. Meu avô já dizia que se você quer conhecer verdadeiramente alguém, dê poder a ele. Brasileiro é assim, quando está em uma situação vantajosa sobre outrem, usa e abusa mesmo, de sua condição favorável e da inferioridade do outro. Por isso é que brasileiro reclama tanto da corrupção das autoridades mas faz o mesmo assim que a oportunidade aparece.

Grande abraço.

Posté par Nestor Hallack, 17 janvier 2004 à 20:32 | Répondre

 

Dentre os muitos fatores que determinam a não existência da democracia está o fato do brasileiro ser o que é, o de nunca, em hipótese alguma durante toda sua vida, valorizar as pessoas e a sociedade como um todo pelos critérios válidos de integridade humana, os conceitos corretos e probos, mas sempre pelo dinheiro, pelo status, pela predação sexual, pelo carro ou roupas, pelo sucesso, independentemente de sua honra ou dignidade.
Em outras palavras, se você é um delinqüente, vagabundo e desonesto, mas tem amizade com celebridades e os recebe em sua casa, vão te puxar o saco e querer fazer amizade contigo mesmo assim.
Esse povo, que de humano só tem a forma, passa a vida inteirinha firmando suas avaliações e conceitos sob valores deste naipe.
E realmente não é assim que a democracia se estabelece. Não há terreno fértil para isso. Ela já nasce, copiada de outras nações, derrotada neste país.

Posté par Rita Grehs, 16 janvier 2004 à 21:54 | Répondre

 

Elise, os brasileiros são exatamente o descrito no seu texto. Se alguma diferença é identificada, no pensar, no agir, no vestir, a hostilidade logo começa e em pouco tempo vira problema pessoal, e as amizades se desfazem para dar lugar a desafetos profundos. Como o nível moral do brasileiro, independentemente de grau de instrução, é muito pequeno, a baixaria vira um componente fundamental.

É absolutamente comum que os indivíduos, durante o “diálogo” estabelecido sobre certo tema, acabem se agredindo sobre aspectos, normalmente pessoais, que não têm nada a ver com a discussão inicial e com o problema a ser resolvido. Como é o caso, por exemplo, de discussão entre vizinhos por causa de som alto que descamba, por exemplo, para supostas traições conjugais, ou por outra entre membros de sindicato que se torna uma pela homossexualidade do irmão de um dos componentes do debate, ou ainda uma sobre posicionamento ideológico político que passa para o fato do primo de um dos debatedores ter sido preso.

Quando estava na faculdade, vi bate-boca entre universitários no auditório principal sobre a atuação do diretório acadêmico que rumou para a ridicularização de parte deles por não “pegarem” ninguém, com os risos e o interesse de averiguação sobre se a “acusação” era verdade ou não de 2 professores (!!!), que preferiram engrossar a baixaria ao invés de reprovarem o caminho sem sentido, pessoal e inútil que aquela discórdia tomou. Por sinal, o restante deste debate ficou firmada nesta questão paralela, e os temas principais praticamente abandonados ! A coisa evoluiu de um modo por parte dos “acusadores” que como o sujeito, segundo disseram, não “pegava” ninguém, então não podia trazer argumentos e soluções para a estrutura técnica do curso, apresentar idéias para o processo avaliativo, ou estabelecer metas prioritárias para o aparelhamento e equipagem laboratorial !???

Tenho percebido desde muito a presença deste aspecto, que, em determinado momento, passou a ser amplamente utilizado em programas de TV vulgares na sua eterna busca de audiência ao apresentarem pessoas discutindo violentamente sobre exames de DNA, relações conjugais, enfim, devastando a vida particular relesmente.

Esse povo, até por perder argumentos relevantes e, muitas vezes, por saber que está errado no que faz e fala, parte para ataques pessoais, tentando desqualificar ou humilhar o adversário em âmbitos exteriores ao que se discute, para ganhar razão naquilo que é o debate em questão.

Como estabelecer democracia, se essa gente, que já não sabe de nada, se comporta assim e, diga-se de passagem, não respeita nem permite a existência de uma opinião contrária !???

Rodrigo, peço mil desculpas por esse povo ser o que é !

Posté par Conrado Landi, 18 janvier 2004 à 21:11 | Répondre

 

 

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