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Elise Dawson
17 novembre 2003

Thylacoleo e a evolução convergente.

 

Houve um grupo inteiro de mamíferos marsupiais carnívoros, agora extintos, da família Thylacoleonidae, que habitou a Austrália no período Neogénico e recebeu o nome genérico de "leões-marsupiais". Evoluíram a partir de antepassados herbívoros pertencentes à infra-ordem Vombatiformes (inclui os atuais vombates e coalas, seus parentes mais próximos). O último membro conhecido deste grupo foi chamado Thylacoleo carnifex ("leão com bolsa assassino") pelo biólogo, anatomista e paleontólogo britânico Richard Owen, e tinha uma das dentições mais estranhas já vista em um marsupial. 

Os mamíferos marsupiais são bem conhecidos na Austrália. Criaturas como coalas, cangurus e vombates vêm mais imediatamente à mente entre os existentes nos tempos modernos, mas havia uma população muito mais diversa de marsupiais durante o Pleistoceno, dentro da qual o Thylacoleo foi provavelmente um predador formidável. Com hábitos semelhantes ao leão ou leopardo, com quem experimentou uma evolução convergente, apesar de nenhum parentesco com estes mamíferos placentários, era um controlador populacional de cangurus e outros marsupiais.

Muitos carnívoros placentários vivos, especialmente os felinos, têm uma dentição bastante especializada, onde certos molares e pré-molares compõem o que é conhecido como "dentes carniceiros" ou "dentes carnassiais". Estes dentes são pontiagudos e agem como tesouras, cortando facilmente a carne ou esmagando o osso. Os molares por trás do cisalhamento são muitas vezes reduzidos (alguns grupos reteram seus molares para incorporar uma dieta mais generalizada, como cães e ursos).

A especialização dentária talvez seja uma das chaves para o sucesso destes animais. Os predadores anteriores de linhas agora extintas, como na ordem dos Mesoniquídeos, composta por mamíferos carnívoros ungulados, careciam de dentes tão especializados, e os dentes atrás dos caninos do grande Andrewsarchus (parecido com um lobo e com o tamanho de um rinoceronte) mostram que suas ferramentas orais eram um tanto reduzidas.

O Thylacoleo, um marsupial carnívoro não descendente dos Miacídeos (uma família de mamíferos placentários carnívoros extintos, muito comuns durante os períodos Eoceno e Oligoceno, que deu origem aos carnívoros de hoje), também desenvolveu uma espécie de "cisalhamento carnassial", mas de uma maneira diferente. Ao invés de uma bateria de dentes que se tornaram afiados, um dos seus pré-molares superiores e outro dos seus inferiores tornaram-se alongados e semelhantes a uma lâmina, e os dentes tipo cutelo se ajudaram na afiação mútua quando passavam um contra o outro ao abrir e fechar da mandíbula. O Thylacoleo também teve uma mordida terrível, pois os acessórios para os músculos que abriam e fechavam a mandíbula eram maciços, comprimindo um pouco a quantidade de espaço que o cérebro poderia ocupar, mas dando ao animal o que talvez fosse a força de mordida mais poderosa entre os predadores mamíferos, especialmente considerando que seu tamanho de corpo era relativamente pequeno (cerca de 1,40m de comprimento e 70cm de altura), embora fosse robusto.

Ele é um marsupial impar em um outro aspecto : a garra em seu polegar era retrátil como a de um grande felino. Este tipo de adaptação é especialmente útil para manter as garras afiadas e, talvez, mantidas as garras assim, permitiria ao Thylacoleo obter uma boa preensão sobre sua presa antes de colocar seus dentes em uso. 

É importante mencionar que alguns estudiosos no passado pensaram que o Thylacoleo era um herbívoro, não diferente dos Phalangers marsupiais existentes (um gênero de marsupiais arborícolas conhecidos como cuscos).

Chamar o Thylacoleo de "leão-marsupial" é um pouco enganador. Apesar de alguns aspectos de leão do crânio (os resultados da convergência em um estilo de vida hiper-carnívoro, e o próprio termo "Thylacoleo" significando "leão com bolsa"), o que levou o anatomista Richard Owen a nomear a criatura com base em tais semelhanças, as formas em que o carnívoro mostra suas afinidades marsupiais são muito mais importantes. Mencionar este animal como "leão-marsupial" (bem como chamar o extinto tigre-da-tasmânia de "lobo-marsupial") geralmente confunde mais do que ilumina, e criacionistas muitas vezes tomam os nomes e as semelhanças superficiais para afirmar que a evolução não ocorreu. 

Mesmo assim, o Thylacoleo carnifex e seus parentes representam um ramo de marsupiais que se tornaram predadores bastante especializados e, dada a plasticidade da estrutura dentária, não é difícil ver como pré-molares afiados poderiam ser adaptados em uma lâmina para cortar carne. 

Embora possa ser fácil estabelecer conexões entre esse animal e os carnívoros atuais, no entanto, devemos ser mais comedidos em nossas descrições. Ambos os grupos enfrentaram os mesmos desafios de formas semelhantes, mas as diferenças são muito mais marcantes e importantes neste exemplo de convergência evolutiva em um determinado nicho.

 

Na evolução convergente temos um fenômeno evolutivo independente, de um mesmo caráter ou de caracteres semelhantes, em duas ou mais espécies que pertencem a linhas evolutivas independentes (por caráter não se compreende, neste caso, a personalidade, mas qualquer atributo físico ou comportamental de um organismo). Estas linhas evolutivas independentes partem de formas ancestrais diferentes da característica estudada que gradualmente converge em uma forma única. 

Ainda em outras palavras, ocorre a evolução independente de características semelhantes em espécies de diferentes linhagens. Estruturas análogas que têm forma ou função semelhantes, mas que não estavam presentes no último antepassado comum desses grupos, são criadas.

Quase todos os exemplos de convergência podem ser interpretados em termos de adaptação a condições semelhantes, seja o ambiente dos organismos ou sua forma de vida, como acontece com adaptações ao movimento. As exigências físicas do vôo limitam drasticamente as formas possíveis do órgão encarregado de mantê-lo. A capacidade de voar tem sido desenvolvida de forma independente em morcegos, pássaros e insetos, como também em grupos agora extintos e conhecidos por seus fósseis, como os répteis chamados pterossauros. Todos estes animais desenvolveram asas por evolução convergente. Além disso, todos os animais que devem ser movidos na água encaram restrições físicas semelhantes impostas pelo ambiente, e tanto os mamíferos aquáticos como os peixes têm desenvolvido corpos com a mesma e eficaz forma dinâmica.

A evolução convergente também é vista em adaptações aos alimentos. Vários grupos diferentes de mamíferos evoluíram de forma independente para se alimentar de formigas : tamanduás da América do Sul, orictéropo ou porco-formigueiro da África oriental e meridional, pangolim da África e Ásia, e o mirmecóbio (também conhecido como numbat) e a equidna da Austrália. Todos eles têm desenvolvido através da evolução convergente garras poderosas para abrir formigueiros e termiteiras além de uma cabeça fornecida com um focinho tubular alongado com uma língua muito longa para apanhar insetos nos seus ninhos. 

A convergência também é observada na fisiologia e anatomia da digestão. Como é conhecido, as vacas digerem o material vegetal ruminando-o (os ruminantes são uma subordem de mamíferos artiodátilos denominada Ruminantia; são mamíferos herbívoros providos de estômago dividido em três ou quatro cavidades, o rúmen, o retículo, o omaso e o abomaso). Esta capacidade de fermentação de material vegetal no estômago também foi adquirida por convergência por um grupo de macacos chamados colobinos que se alimentam de folhas (Colobinae é uma subfamília da família dos símios do velho mundo composta de 58 espécies em 9 gêneros, incluindo o langur, entre outros, sagrado na Índia). 

A convergência atinge até detalhes das enzimas usadas na digestão. Os ruminantes e colobinos segregam no estômago (ao contrário de outros mamíferos) a enzima lisozima, que digere as bactérias responsáveis ​​pela fermentação de produtos vegetais. A seqüência de aminoácidos das lisozimas de colobinos e ruminantes têm semelhanças únicas que são exemplos de evolução convergente ao nível molecular. Esta convergência molecular provavelmente reflete o papel comum que desempenha a enzima em ambos os grupos de mamíferos.

 

Sobre caracteres homólogos e análogos

Quando duas espécies compartilham um caráter, como os olhos em humanos e chimpanzés, ou as asas em aves e morcegos, pode ser por uma das duas razões : ou o traço estava presente no ancestral comum das duas espécies e estas o compartilham simplesmente porque herdaram (neste caso, falamos de homologia de caráter; os olhos do homem e do chimpanzé são homólogos); ou a característica não se encontrava no ancestral comum, mas foi adquirida pela evolução convergente (neste caso, falamos de caracteres análogos, como as asas de pássaros e morcegos).

É importante distinguir entre caracteres homólogos e análogos para reconstruir a filogenia ou diversificação evolutiva dos organismos (a escola cladística, também conhecida como sistemática filogenética, é baseada no princípio filogenético e agrupa espécies ou táxons em grupos naturais de acordo, unicamente, com hipóteses de relações evolutivas). Se supõe que duas espécies têm um parentesco próximo caso sejam muito semelhantes, mas esta hipótese somente é válida se a semelhança responde à homologia, não à analogia ou convergência. Nas homologias encontramos a mesma origem filogenética e ontogenética, já as analogias apresentam a mesma função mas não estão relacionadas evolutivamente.

Às vezes é possível detectar a convergência examinando os caracteres em detalhe. As asas de pássaros, morcegos e insetos são superficialmente semelhantes, mas as suas estruturas são muito diferentes : nos insetos as asas têm estruturas de suporte chamadas nervos, enquanto que em aves e morcegos a estrutura da asa é de osso. Além disso, as asas são formadas por diferentes ossos em aves e morcegos. De fato, os ossos das asas de aves correspondem por homologia aos do segundo dedo de outros vertebrados; no caso do morcego, eles correspondem aos dedos dois a cinco.

 

Evolução paralela

Ainda existe a evolução paralela, da qual a convergente pode ser distinguida. Em ambos os casos, um mesmo caráter evolui, independentemente, ao longo de duas linhas. Na evolução paralela, o estado ancestral das duas espécies era o mesmo, mas na convergente era diferente. Na evolução paralela, as duas espécies podem evoluir de forma independente até chegar a um novo estado comum. 

Raramente se pode diferenciar a evolução paralela da convergente em casos reais, porque a diferença diz respeito a estados ancestrais dos traços, que são geralmente desconhecidos. No entanto, o mimetismo das borboletas da América do Sul da Passiflora incarnata (também conhecida como flor-da-paixão, da família do maracujá) é provavelmente um resultado de uma evolução paralela. Se tratam de duas espécies de borboletas que apresentam o mesmo arranjo de cores, com ambas sendo tóxicas para as aves e compartilhando a mesma coloração, de tal modo que uma se assemelha a outra. O arranjo de cores varia conforme a região, mas em cada uma, as duas espécies parecem iguais. A vantagem do mimetismo obriga as duas espécies a seguir em cada local uma evolução paralela. 

 

Evolução divergente

Também existe a radiação adaptativa ou evolução divergente, que é um processo que descreve a rápida especiação de uma ou mais espécies de preencher muitos nichos ecológicos. Este é um processo da evolução cujas ferramentas são a mutação e a seleção natural. Ela geralmente ocorre quando uma espécie é introduzida em um novo ecossistema, ou quando há espécies que podem sobreviver em um ambiente que era, até então, inatingível. 

Por exemplo, os fringilídeos de Darwin das Ilhas Galápagos evoluíram a partir de uma única espécie de tentilhões que atingiu a ilha. Outros exemplos incluem a introdução pelo homem de mamíferos predadores na Austrália, o desenvolvimento dos primeiros pássaros que de repente tiveram a capacidade de expandir seu território por via aérea, ou o desenvolvimento de peixes pulmonados (dipnoicos) durante o Devoniano, cerca de 300 milhões de anos atrás.

A dinâmica da radiação adaptativa é tal que, dentro de um curto período de tempo, muitas espécies são derivadas de uma ou mais espécies ancestrais. A seleção natural irá atuar fortemente sobre a população, aumentando a freqüência de mudanças adaptativas, onde diferentes adequações irão surgir dentro da mesma, que no princípio mal podem ser percebidas, mas com o passar do tempo vão se tornando nítidas. Essas diferenças adaptativas irão gerar diferentes subespécies daquela ancestral, até que, depois de certo período, novas espécies terão sido formadas a partir de uma única. Com o processo, as diferenças entre as espécies serão tão grandes que não será possível o cruzamento entre elas, logo, houve um processo de especiação.

Deste grande número de combinações genéticas, apenas algumas podem sobreviver ao longo do tempo. Após o rápido desenvolvimento das muitas espécies novas, muitas ou a maioria delas desaparecerão tão rapidamente como apareceram. As espécies que sobreviveram são quase completamente adaptadas ao novo ambiente. 

Existem três tipos básicos de radiação adaptativa. Um deles é a Adaptação Geral, onde uma espécie que desenvolve uma habilidade radicalmente nova pode chegar a novas partes do seu ambiente. O vôo dos pássaros é uma dessas adaptações gerais. Outro tipo é a Mudança Ambiental, situação em que uma espécie que pode, ao contrário de outras, sobreviver em um ambiente radicalmente alterado provavelmente vai ramificar em novas espécies para preencher nichos ecológicos criados pela mudança ecológica. Um exemplo foi a rápida expansão e desenvolvimento de mamíferos após a extinção dos dinossauros. Por fim, temos os Ecossistemas Isolados, como ilhas e zonas montanhosas, que podem ser colonizados por novas espécies as quais, ao se estabelecerem, seguem um rápido processo de evolução divergente. Os fringilídeos de Darwin são exemplos de uma radiação adaptativa ocorrida em um arquipélago.

Posté par Elise Dawson

 

 

Veja também :

Mitologia aborígene.

Uma antiga religião persa.

Captura de embarcações.

Para reparar a honra ofendida.

A grande inundação.

 

 

Commentaires (10)

 

Outro esplêndido exemplo de evolução convergente se deu com os meridiungulados, mamíferos com cascos (são ungulados propriamente ditos) que se desenvolveram de forma independente dos outros grupos de ungulados do mundo como os dinocerados (como o uintatério), tubulidentados (orictéropo, ou porco-formigueiro), perissodátilos (cavalo, anta e rinoceronte), artiodátilos (porco, camelo, hipopótamo, trágulo, girafa, veado, bovídeos), e uranoterios (hiracóides, proboscideos e sirênios). Estes mamíferos sul-americanos atingiram tal desenvolvimento em formas convergentes com cavalos, hipopótamos, elefantes, camelos, antas, porcos, etc.

Dentre eles os maiores foram dois animais de igual altura na cernelha (1.5m) mas de condições diferentes. O Macrauchenia patachonica era um animal com aparência de camelo com tromba que veio a medir até 2m de altura e 3,30m de comprimento, mas foi menos robusto que o Toxodon platensis, parecido com um rinoceronte com cabeça de hipopótamo, que chegou a medir até 2,70m de comprimento.

Posté par Stefanie Anders, 17 novembre 2003 à 17:34 | Répondre

 

Quando duas espécies são semelhantes em um caráter particular, a evolução será definida como paralela caso seus antepassados compartilharam essa similaridade. Se estes não o compartilharam, a evolução desse caráter nessas espécies é tida como convergente. No entanto, esta distinção nem sempre é clara.

As condições declaradas são em parte apenas uma questão de grau, pois todos os organismos compartilham ancestrais comuns mais ou menos recentes. Na biologia evolutiva, a questão de como voltar atrás para procurar ancestrais semelhantes e o quão semelhantes esses ancestrais precisam ser para que se considere a evolução paralela tendo ocorrido, nem sempre pode ser resolvido. Alguns cientistas argumentam que as evoluções paralela e convergente são mais ou menos indistinguíveis, enquanto outros insistem que, na prática, não devemos nos esquivar deste estudo porque muitas distinções importantes entre ambas permanecem.

Quando as formas ancestrais são desconhecidas ou não são especificadas, ou ainda quando a gama de traços considerada não é claramente especificada, a distinção entre estes tipos de evolução torna-se mais subjetiva. Richard Dawkins, por exemplo, em “The Blind Watchmaker” descreve a impressionante semelhança entre as formas placentária e marsupial como o resultado da evolução convergente, porque os mamíferos em seus respectivos continentes ancestrais tiveram uma longa história evolutiva anterior à extinção dos dinossauros. Esse período de separação teria permitido a acumulação de muitas diferenças relevantes. Já Stephen Jay Gould descreveu alguns dos mesmos exemplos como tendo começado a partir do antepassado comum de todos os marsupiais e placentários, e, portanto, resultando em evolução paralela. E certamente, sempre que as semelhanças puderem ser descritas no conceito como tendo evoluído a partir de um atributo comum derivado de uma única linha remota ancestral, legitimamente pode ser considerado como um caso de evolução paralela.

Posté par Paulo Henrique Alessi, 17 novembre 2003 à 19:15 | Répondre

 

Como está no texto, ao se tratar de evolução convergente, diversas espécies, mesmo sem ter uma relação próxima de parentesco em linha evolutiva, podem se tornar parecidas em muitos aspectos. O ambiente, conforme suas exigências, seleciona as espécies, de acordo com o que elas apresentam em seu pool genético. O caráter mais favorável possui maiores chances de ser passado às gerações futuras.

Um outro exemplo interessantíssimo se deu com o Thylacosmilus, que não se tratava de um tigre-de-dentes-de-sabre, apesar de se parecer com um devido ao detalhe de exibir um par de caninos superiores longos que se projetavam para fora da boca, como o outro. Este caso corresponde a uma evolução convergente, onde um animal evolui para o aspecto de outro, mesmo não estando aparentados.

O Thylacosmilus, como bom marsupial que era, nascia através de uma bolsa, e os seus parentes vivos mais próximos são os marsupiais modernos. Era maior que o “leão-marsupial”, mas viveu na América do Sul, um continente que esteve isolado por milhões de anos, até que, 3 milhões de anos atrás, chocou com a América do Norte, ocasião esta em que a fauna das duas áreas misturaram-se e muitas espécies extinguiram-se devido à competição que passou a acontecer, principalmente as nativas vindas do continente do Sul. Acredita-se que os verdadeiros tigres-de-dentes-de-sabre, nativos da América do Norte, extinguiram o Thylacosmilus por conta da concorrência entre ambos.

Antes do contato entre os dois continentes, o Thylacosmilus era o maior mamífero predador sul-americano e caçava outros mamíferos bizarros nativos do continente, matando-os graças aos seus dentes-de-sabre, os quais dilaceravam o pescoço das presas que morriam muito rapidamente.

Posté par Luciano Vidal, 17 novembre 2003 à 20:27 | Répondre

Uma série de exemplos de evolução paralela é fornecida pelos dois ramos principais dos mamíferos, os placentários e marsupiais, que têm seguido caminhos evolutivos independentes após o desmembramento das massas de terra, como Gondwana cerca de 100 milhões de anos atrás. 
Na América do Sul, marsupiais e placentários compartilharam o ecossistema (antes do Grande Intercâmbio Americano). Na Austrália prevaleceram os marsupiais. E no Velho Mundo e América do Norte os placentários dominaram. No entanto, em todas essas localidades, os mamíferos eram pequenos e ocupavam apenas lugares limitados no ecossistema até a extinção em massa de dinossauros há sessenta e cinco milhões de anos. Neste momento, mamíferos em todas as três massas de terra começaram a assumir uma variedade muito mais ampla de formas e papéis. 
Enquanto algumas formas eram únicas para cada ambiente, animais surpreendentemente semelhantes surgiram com freqüência em dois ou três dos continentes separados. Exemplos destes incluem os felinos placentários dentes-de-sabre (Machairodontinae) e o dente-de-sabre marsupial da América do Sul (Thylacosmilus), além do lobo-da-Tasmânia e o lobo europeu.

Posté par Cristiano Maruyama, 20 novembre 2003 à 18:30 | Répondre

 

Oi Eli! Quantas Saudades!

Embora fosse provavelmente coletado por volta de 1767, o primeiro fóssil conhecido de pterossauro não foi descrito até 1784, quando Cosimo Alessandro Collini, o zelador da coleção, tentou determinar a natureza da estranha criatura que tinha vindo do calcário da Baviera, por sinal, os mesmos depósitos de onde saiu o famoso Archaeopteryx posteriormente. Embora certo de que eram os restos de um animal de uma época anterior, Collini era agnóstico sobre que tipo de animal estava em suas mãos. Anos mais tarde, o famoso anatomista Georges Cuvier investigou os papéis e ilustrações de Collini, observando que a criatura era certamente um réptil. Ainda assim, a criatura permaneceria sem um nome próprio até Cuvier escrever uma análise mais detalhada em 1809, nomeando-a como "ptero-dactyle". No entanto, nem todos concordaram com o exame de Cuvier, especialmente porque não havia conseguido ver o fóssil propriamente dito, apenas trabalhando com os desenhos de Collini, como já foi relatado.

Samuel Thomas von Soemmerring, da Academia da Ciência da Baviera, pensou que o pterossauro era um tipo desconhecido de morcego, uma visão que permaneceria enraizada na mente de alguns cientistas por muitos anos. Uma restauração de Edward Newmann em 1843, através de um redesenho da obra Omphalos de Gosse, descreveu os dois tipos conhecidos de pterodátilos conhecidos na época como morcegos, com orelhas pequenas e bonitinhas. É claro a partir do desenho que os pterossauros não são morcegos, embora isso não tenha impedido muitos paleontólogos alemães de tomar tal posição durante a primeira metade do século XIX.

Bom, a confusão se dava porque há algo familiar entre pterossauros e os morcegos atuais = a extensão de dedos para manter uma asa membranada. Enquanto o primeiro fóssil, apesar da preservação maravilhosa, não mostrava uma impressão de membrana, é difícil olhar para ela e não reconhecer a estrutura superficialmente semelhante de uma asa de morcego, que também carrega uma membrana para permitir o vôo. Na verdade, muitas variedades de vôo e criaturas voadoras têm se mantido no ar pelo uso de membranas. De fato, o deslizamento pode muitas vezes preceder o vôo motorizado, e uma vez que um animal desenvolveu uma membrana que pode ser esticada entre seus membros para deslizar, a extensão dos dedos no(s) ponto(s) de fixação pode ajudar a expandir o tamanho da asa. Essas mudanças provavelmente ocorrem como resultado de mudanças no desenvolvimento, quando a seleção natural favoreceu a invasão de um novo nicho com base em variações que existem em uma população, embora no caso de pterossauros já não possamos testar para ver se isso é correto.

As convergências de pterossauros e morcegos são bastante sutis, em geral. Embora ambos os vôos eram alcançados com asas membranosas anexadas a dedos estendidos (muitos mais no caso dos morcegos) e possuíam corpos relativamente comprimidos, os pterossáurios tinham uma diversidade muito maior de forma e tamanho do que os modernos morcegos. Da mesma forma, eles não alongaram o resto dos dedos, sugerindo que havia alguma situação (seja para escalada ou ficar pendurado em um poleiro) para a qual os pterossauros ainda precisavam de seus outros dedos (embora os morcegos possam subir muito bem com os polegares e alguns até mesmo evoluíram discos de sucção). Ainda assim, pode-se dizer que ambos saíram para o ar por meios semelhantes e tiveram de lidar com restrições semelhantes.

Posté par Liliam Colley, 17 novembre 2003 à 21:38 | Répondre

 

A convergência evolutiva é associada à seleção natural, através da qual mutações que geram alterações morfológicas propícias a certo ambiente são selecionadas em prejuízo de outras menos adequadas. Assim, criaturas vivas que compartilhem um mesmo habitat, ou mesmos hábitos de vida, podem desenvolver estruturas semelhantes que os tornam capazes de sobreviver àquelas condições.

Os pingüins do hemisfério Sul e os airos do hemisfério Norte possuem aspectos similares e ocupam o mesmo nicho ecológico, mas são de ordens de aves diferentes.

Os abutres são da família Accipitridae (relacionadas com os falcões e águias - ordem dos Falconiformes), que se adaptaram a uma alimentação necrófaga. Já urubus e condores, que pertencem à família Cathartidae - ordem Ciconiiformes - ocupam as mesmas funções ecológicas dos abutres, e são parecidos com eles apesar de serem mais aparentados com garças ou cegonhas. Um traço comportamental curioso é observado nos urubus :- quando o calor está intenso, as cegonhas defecam nas próprias pernas para dissipar seu excesso, algo que os urubus também fazem, ao contrário dos abutres.

Posté par Victor Silvestri, 18 novembre 2003 à 11:50 | Répondre

 

A convergência é um tema muito forte na evolução dos vertebrados. Na história da evolução, eles tiveram a chance de preencher quase todos os nichos imagináveis, em uma imensa variedade de habitats no decorrer de milhões de anos, então o tema se torna comum. 
Quando os mamíferos se adaptam para predadores, sua dentição e morfologia devem ser alteradas caso queiram ser caçadores bem sucedidos. Carnívoros do passado e do presente mostram algumas semelhanças surpreendentes apesar de distantes. Quando grupos retornam ao oceano, as limitações ambientais os moldam de maneiras específicas para seu novo modo de vida que não seria vantajoso em outras situações - um animal aquático extremamente grande seria esmagado pelo seu próprio peso caso estivesse em terra. Mesmo no ar as leis da física continuam a ser aplicadas, e a seleção natural muitas vezes trabalha através de restrições físicas e químicas para produzir novas formas.
Não há dúvidas de que o designe do tetrápode é versátil, mantendo seu caráter geral com as várias mudanças que suportou. De fato, mesmo quando uma linhagem morre e pode parecer extinta para sempre, não há lei que diga que uma situação similar no futuro não produza formas que possam ser surpreendentemente familiares, mesmo se tais organismos não estiverem diretamente relacionados ao último grupo que preenchia seu novo nicho. 
A evolução tem produzido formas intermináveis mais bonitas e maravilhosas e continuará a fazê-lo por muito tempo, mas mutação aleatória e seleção natural não funcionam isoladamente do resto do mundo natural. A evolução produziu tantas criaturas surpreendentes precisamente porque a ecologia, a química e a física ofereceram oportunidades e desafios.

Posté par Beatriz Rangel Fontana, 18 novembre 2003 à 20:20 | Répondre

 

O Palorchestes azael era um marsupial herbívoro nativo da Austrália quase tão grande como um boi, com quatro pernas poderosas, pesando cerca de 1 tonelada e tendo cerca de 2,5 metros de comprimento. Suas patas dianteiras tinham grandes garras, semelhantes às de um coala, provavelmente utilizada para quebrar a folhagem e tirar casca de árvores. A presença de ossos nasais sugere que o animal tinha um tronco curto, o que lhe rendeu o apelido de “anta-marsupial”, mas como não há relação com antas, esta similaridade na forma do nariz é um exemplo de evolução convergente. 
Pesquisas sugerem que a extinção em massa de grandes animais pré-históricos na Tasmânia, como foi o caso deste animal, tem a ver com a caça humana, e não com a mudança climática como se acreditava anteriormente.

Posté par Isadora Ruthzatz, 18 novembre 2003 à 21:08 | Répondre

 

O Mixotricha paradoxa é um micróbio eucariótico que reuniu um sistema de fileiras de cílios aparentes e corpos basais que se assemelham bastante ao sistema em ciliados. No entanto, em uma inspeção verifica-se que nele o que parecem ser cílios na verdade são microorganismos simbióticos menores. Não há evolução paralela em tal caso.

As caudas de peixes e baleias orientadas diferentemente são derivadas de tempos muito diferentes de ancestrais radicalmente diferentes. Qualquer similaridade nos descendentes resultantes deve, portanto, ter evoluído de forma convergente. Todo caso em que as linhagens não evoluam juntas ao mesmo tempo no mesmo ecossistema pode ser descrito como evolução convergente em algum momento.

Posté par Israel Phipps, 19 novembre 2003 à 13:11 | Répondre

 

Me lembrei da curiosa interpretação de Gustav Steinmann.

Ele era um geólogo, e teorizou que, como nenhuma evidência geológica para extinções em massa tinha sido encontrada, logo, nunca aconteceram. Isto levou-o a dizer que todos os grupos principais eram extremamente polifiléticos, idéias similares àquelas de Lamarck. Assim, ele tinha dinossauros e outros "répteis" evoluindo independentemente em mamíferos. Os pterossauros transformaram-se em morcegos, os mosassauros em baleias, os ornitisquianos em xenartros, os ictiossauros em golfinhos, e assim por diante. E a mesma coisa com os invertebrados: os amonitas tornaram-se polvos, os rudistas ascídias, etc.

Suas teorias foram ridicularizadas por outros autores como Otto Jaekel, mas aparentemente ele nunca as abandonou, sendo apresentadas de modo resumido principalmente em seu livro de 1908 "Die geologischen Grundlagen der Abstammungslehre". Também publicou artigos em revistas alemãs até o final dos anos 1920.

Outra adição à especulação inicial sobre pterossauros: Johann Georg Wagler propôs, em 1830, que seus antebraços não eram asas, mas pás. O zoólogo alemão colocou-os em uma classe chamada Gryphi, entre pássaros e mamíferos, juntamente com plesiossauros e ictiossauros, e por alguma razão, monotremato.

Posté par Carlos Emanuel Junckes, 19 novembre 2003 à 21:42 | Répondre

 

 

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