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Elise Dawson
15 octobre 2005

Mitologia aborígene.

 

A mitologia dos aborígenes australianos, embora muito rica culturalmente, é largamente desconhecida. Ela cobre todo o continente com nuances culturais e significados aprofundados, e capacita os ouvintes com a sabedoria acumulada, a visão mística, a criatividade e o conhecimento dos antepassados, ​​desde tempos imemoriais. Nela aparecem seres incríveis, com descrições muito interessantes e curiosos papéis dentro da natureza criada.

Durante a assimilação da Austrália pelos brancos europeus se tornou comum acreditar que tais criaturas fossem reais, até pelo motivo dos primeiros colonos não estarem familiarizados com a fauna australiana. De qualquer modo, os não-aborígenes não só “testemunharam” a existência delas em certas ocasiões como, com o passar do tempo, fizeram várias tentativas para entender e explicar suas origens como entidades físicas.

Abaixo, discorro sobre três destas figuras mitológicas :

 

Bunyip

O Bunyip, que na língua Wemba-Wemba significa “diabo” ou “espírito maligno”, também conhecido como  Kianpraty, vive nos pântanos, lagos, riachos, rios e poços de água da Austrália. O escritor Robert Holden identifica pelo menos nove variações regionais para o nome da criatura entre os povos aborígenes.

Em várias histórias para dormir dos nativos, se credita a ele engolir crianças e gado que cheguem perto da borda da água, e que emite um som terrível. 

Normalmente o descrevem como tendo um rosto semelhante a um cão, pelagem escura, cauda de cavalo, nadadeiras, uma presa de morsa e um bico de pato. Embora sejam variados os modos como o retratam, todos os avistamentos parecem concordar que é definitivamente um mamífero aquático. Alguns até acreditam que o Bunyip é realmente o marsupial pré-histórico Diprotodon australis, e que teria conseguido escapar da extinção.

Uma lenda narra que um homem chamado Bunyip quebrou a maior lei da Serpente Arco-Íris (divindade da mitologia aborígene, criadora e preservadora da vida, fertilidade e água, que forma com seus movimentos os elementos da paisagem) ao comer seu totem animal. Banido pelo bom espírito Biami, o homem tornou-se um espírito maligno que atrai para a água moradores das tribos e seus animais para que pudesse comê-los. Também é dito que se aproveita das mulheres e crianças das tribos durante a noite.

Um dos primeiros relatos registrados ocorreu em 1818, quando James Meehan e o explorador Hamilton Hume encontraram enormes ossos no lago Bathurst, localizado em Nova Gales do Sul, e descreveram o animal como semelhante a um peixe-boi ou um hipopótamo.

Em meados da década de 1830, o colono George Rankin descobriu ossos fossilizados nas Wellington Caves, localizadas também em Nova Gales do Sul, algo que, mais tarde, também foi encontrado pelo explorador Thomas Mitchell. O anatomista britânico Sir Richard Owen descreveu estes restos como do  marsupial pré-histórico  Diprodoton. Simultaneamente a estes acontecimentos, colonos observaram que os nativos da área falavam que um animal muito grande já existiu nos grandes riachos, sendo que muitos deles pregavam que ainda existiria.

Em julho de 1845, o  jornal “Geelong Advertiser” descreve a criatura em grande detalhe, naquela que foi a primeira vez registrada em que o termo “Bunyip” foi utilizado. Segundo a publicação, uniria as características de um pássaro e de um jacaré, tendo a cabeça semelhante a um emu e um bico longo, na extremidade do qual está uma projeção transversal em cada lado com bordas serrilhadas como o osso da raia. Seu corpo e pernas têm a ver com a natureza dos crocodilianos. As pernas traseiras são notavelmente espessas e fortes, enquanto as dianteiras são muito mais longas, mas ainda com grande força. Possui garras longas, todavia os aborígenes dizem que o seu método usual de matar a presa é abraçando-a até a morte. Quando na água, nada como um sapo e, quando em terra, caminha sobre suas patas traseiras com a cabeça ereta, posição na qual atinge mais de 3,50m. de altura.

Em 1847, um estranho crânio foi encontrado no rio Murrumbidgee, perto de Balranald, em Nova Gales do Sul, ocasião em que quem o encontrou logo proclamou que os aborígenes o chamaram de Bunyip. Foi depois exposto no Australian Museum de Sydney, onde muitos visitantes vieram a relatar seus próprios avistamentos do ser mitológico. O achado foi mais tarde comprovado ser apenas o crânio desfigurado de um potro ou bezerro.

A palavra “Bunyip” acabou ganhando a conotação de farsa, mentira ou impostura, a partir dos anos 1850. Chegaram a adotá-lo para descrever australianos que aspiravam ser aristocratas, em 1853.

 

Yowie

O Pé-grande original é uma história dos Estados Unidos, todavia vários outros tipos semelhantes a ele têm sido avistados ao redor do mundo, como o Sasquatch canadense, o Yeti nepalense, o Orang Pendek indonésio e o Yowie australiano.

O Yowie seria um marsupial humanóide com presas e, munido de muitos recursos de primatas, poderia ser uma espécie não descoberta de um grande macaco, talvez um Gigantopithecus (um gênero que se acredita estar extinto) ou um descendente deste. 

As lendas aborígenes o descrevem com 2 a 3 metros de altura, pelagem marrom ou avermelhada, uma grande boca vermelha e garras parecidas às de aves de rapina. Também contém dois grandes caninos como presas, algo que o distingue das outras espécies de “Bigfoots”. Uns o definem como tímido e pacífico, ao passo que outros como sendo uma das espécies mais agressivas do grupo de indivíduos conhecido como Pés-grandes (foi relatado que o viram atirando cabeças de cangurus e de cães, além de, embora raro, atacar humanos também).

É altamente improvável que descenda de um macaco asiático, já que as criaturas da Ásia nunca chegaram à Austrália, e vice-versa, devido à profundidade do mar. Esta separação é marcada pela linha de Wallace, uma fronteira invisível que separa as regiões zoogeográficas da Ásia e da Australásia, identificada pelo naturalista Alfred Russel Wallace.

O primeiro avistamento registrado do Yowie teria ocorrido já em 1795.

Na década de 1870, narrações sobre grandes símios nativos apareceram no “Australian Town and Country Journal”. O primeiro, em novembro de 1876, perguntou aos leitores quem já tinha ouvido falar, desde o primeiro assentamento da colônia, os aborígenes mencionando um animal sobrenatural ou indivíduo não-humano chamado Yowie. 

Seis anos depois, em um artigo intitulado “Australian Apes”, o naturalista amador Henry James McCooey afirmou ter visto um “macaco” na costa sul de Nova Gales do Sul, entre Batemans Bay e Ulladulla. Segundo ele, se estivesse perfeitamente em posição vertical alcançaria quase 5 metros de altura. Era coberto de pelagem muito longa de cor preta, sendo de cor vermelha suja ou de rapé sobre a garganta e o peito. Seus olhos, pequenos e inquietos, estavam parcialmente escondidos por cabelos enrugados que cobriam a cabeça. McCooey se ofereceu para capturá-lo para o Australian Museum por £ 40. 

A aparição deles ocorreu em várias histórias australianas entre o final do século XIX e início do século XX e, de acordo com o já citado Robert Holden, um segundo surto de relatos de avistamentos se deu em 1912. 

O Yowie também aparece em Hillendiana, de  Donald Friend, uma coleção de escritos sobre os garimpos perto de Hill End, em Nova Gales do Sul. Ele refere-se ao animal como uma espécie de Bunyip. 

 

Yara-Ma-Yha-Who

Este é um sugador de sangue do folclore aborígene que se esconde nas copas das árvores, geralmente figueiras, até que uma pessoa ande debaixo dela. Pulará da árvore sobre o desafortunado, agarrará o seu braço e, através das ventosas sugadoras em seus dedos, sorverá quase todo o seu sangue. Sairá então do local, deixando a presa enfraquecida, e retornará depois para engoli-la inteiramente. Após devorar a pobre alma, a regurgitará, parará para tomar um pouco de água e tirar uma soneca, e depois a comeria novamente para vomitá-la uma vez mais, repetindo a ato outras tantas vezes. A vítima vai ficando mais curta e mais vermelha a cada vez que o processo se reprisa, até que se torne um Yara-Ma-Yha-Who.

A criatura é descrita como um pequeno homem ou mulher vermelha, com cerca de 1,2m. de altura, e cabelos e pele vermelhos. Tem uma boca alargada sem dentes, pode deslocar a mandíbula como serpentes, e possui as já mencionadas ventosas sugadoras nas pontas dos dedos que usa para puxar o sangue de humanos, seu alimento preferido. 

De acordo com a lenda, o Yara-Ma-Yha-Who é ativo apenas durante o dia, e somente mira presas vivas. Então, fingir-se de morto até o pôr-do-sol é tido como um estratagema para evitar o ataque.

Este personagem mitológico poderia ser uma interpretação de uma variedade desconhecida de tarsius, um gênero de primatas do sudeste asiático com dedos que se assemelham a ventosas. Mas existem alguns problemas com essa teoria, já que os tarsius são relativamente inofensivos e muito menores que o Yara-Ma-Yha-Who, além do fato de não viverem na Austrália.

Posté par Elise Dawson

 

 

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Commentaires (6)

 

O condenado William Buckley relatou ter visto o bunyip em sua biografia de 1852, no período de 30 anos em que viveu com o povo Wathaurong.

Ele afirma que no lago Moodewarri, hoje chamado de Modewarre, teria visto, mais de uma vez, um animal anfíbio extraordinário, chamado de bunyip pelos nativos. Mencionou que também era comum no rio Barwon. Disse ainda que somente conseguiu ver a parte de trás do animal, que parecia estar coberta de penas de uma cor cinzenta obscura, que ouviu sobre uma mulher aborígine sendo morta por um, e que acreditavam que tem poderes sobrenaturais.

Posté par Ana Cristina Charbonneau, 15 octobre 2005 à 18:45 | Répondre

 

Os gritos ou uivos atribuídos ao bunyip podem ter sido produzidos por vários outros animais capazes de produzir sons assustadores, também encontrados perto de lagos e pântanos. Por exemplo, a coruja Ninox connivens, que vive nesse ambiente, emite sons que lembram uma mulher ou criança chorando.

Criptozoologistas sugerem que a criatura é a recordação transformada em mito de um animal real encontrado pelos aborígines do passado na Austrália, que depois se extinguiu. Talvez tenha sido o Diprotodon optatum, ou mesmo o Quinkana (um tipo de crocodilo terrestre) ou ainda o Procoptodon (parecido com o canguru, mas com rosto redondo e braços grandes).

Posté par Rogério Paterlini, 15 octobre 2005 à 19:51 | Répondre

 

Já ouvi falar no Mokoi.

No folclore dos Murngin, uma tribo do norte da Austrália, acredita-se que esta criatura, nascida da sombra de humanos, seja uma espécie de fantasma malévolo ou espírito que causa doenças fatais ou acidentes. Os aborígenes crêem que as pessoas raramente morrem de velhice por causa da interferência dele. Estes espíritos também podem ser aproveitados e utilizados por feiticeiros que os usarão para atacar seus inimigos.

Só são ativos pela noite, quando atacam as tribos e seqüestram crianças, o alimento preferido.

Posté par Ana Flávia Valtrich, 15 octobre 2005 à 21:00 | Répondre

 

Me recordei imediatamente dos drop bears, parentes grandes, perversos e carnívoros do pacífico e herbívoro coala. Mas se trata de uma fraude no folclore australiano moderno para assustar e confundir crianças ou principalmente turistas, enquanto os locais se divertem.

Propagam que o seu método de ataque é brutal e matará, inclusive, seres humanos facilmente. Eles permanecem escondidos em uma árvore, geralmente eucalipto, até que vejam suas presas caminhar embaixo, então caem e atacam brutalmente a cabeça da vítima usando seus dentes e garras.

As maneiras de evitar ataques do drop bear seriam estranhas, mas geralmente simples. Elas consistem em colocar garfos em seu cabelo, espalhando pasta de dente atrás de seus ouvidos, axilas ou em seu pescoço, urinando em você mesmo, ou apenas falando inglês com um sotaque australiano. Há Há Há Há !!!!!!!!
Felizmente, geralmente eles só caçam e se banqueteiam de noite, tornando-os mais difíceis de encontrar.

Posté par Estevão Balestre, 15 octobre 2005 à 21:16 | Répondre

Bem lembrado Estevão !

O Australian Geografic publicou um artigo sobre o animal como uma piada, no dia primeiro de abril de 2013, onde alegava que pesquisadores descobriram que eles eram mais propensos a atacar turistas do que pessoas com sotaque australiano.

Até existem os que levam a sério a existência da criatura, mas são uma minoria desinformada é claro. O problema é que quando homepages e publicações os colocam ao lado de outros seres realmente mitológicos, acabam sendo levados a este status também. Chega a um ponto que viram parte do folclore.

Os drop bears também foram mostrados no jogo Crossy Road, onde se você é um animal australiano, o drop bear pode cair sobre você, fazendo com que seja desbloqueado.

Posté par Darcio Blossfeldt, 16 octobre 2005 à 21:31 | Répondre

 

Os povos aborígenes da Austrália têm em sua mitologia uma entidade vampírica chamada mrart, que significa "fantasma". Eles acreditam que é o espírito inquieto de um membro da comunidade. Parecendo um fantasma, na noite, ocasião em que seus poderes estão mais fortes, agarra sua vítima e a leva da luz da fogueira para a escuridão total circundante. Na falta de presas humanas, arrebata corpos em cemitérios.
Entre os nativos do norte da Austrália, em particular o povo Tiwi, ocorrem contos sobre o papinijuwari, um gigante de um olho que vive em uma grande cabana onde o céu acaba. Dizem que as estrelas cadentes seriam estes seres cruzando os céus com uma fogueira ardente em uma mão. A criatura alimenta-se dos corpos dos mortos e do sangue dos doentes, sendo capaz de localizar pessoas enfermas pelo cheiro. Ao encontrar uma vítima se torna invisível e suga seu sangue sem deixar ferida. À medida que a pessoa enfraquece, torna-se pequeno o suficiente para entrar no seu corpo através da boca e, então, bebe o resto do sangue por dentro.

Posté par Lise Breda Adrieli, 16 octobre 2005 à 13:02 | Répondre

 

 

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