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Elise Dawson
19 octobre 2003

A origem do nome “Austrália”.

 

O vocábulo "Austrália" foi especificamente aplicado ao conhecido país da Oceania pela primeira vez em 1794, através dos botânicos britânicos George Shaw e Sir James Smith, que escreveram "a grande ilha, ou melhor, continente da Austrália, Australásia ou Nova Holanda" em seu trabalho "Zoology and Botany of New Holland". Um mapa publicado em 1799 por James Wilson incluiu isto.

A popularização do termo aconteceu através do explorador Capitão Matthew Flinders, um firme defensor de seu uso, que trabalhou para que fosse adotado formalmente já em 1804. Ele foi um navegador e cartógrafo inglês, líder da primeira circunavegação da Austrália, identificando-a como um continente e trazendo a racionalidade de que não haveria nenhuma probabilidade de encontrar qualquer massa de terra significativa mais ao sul que pudesse vir a ser o suposto continente mítico "Terra Australis".

Assim, como Flinders tinha concluído que este lendário território, como hipótese de Aristóteles e Ptolomeu, não existia, então queria que o nome aplicado ao que ele viu como a coisa mais próxima fosse "Austrália". Ao preparar seu manuscrito e cartas para o que seria sua obra "A Voyage to Terra Australis", de 1814, foi persuadido por seu benfeitor, Sir Joseph Banks, para usar a designação "Terra Australis", como era mais familiar para o público. 

 

O continente mítico da "Terra Australis Incognita"

A presença de uma grande massa de terra no hemisfério sul já era considerada na antiguidade. Aristóteles acreditava na existência de uma região fria no sul do planeta, chamada Antarktikos, em justaposição às regiões frias do Pólo Norte, chamadas Arktikos. O mito se espalhou a tal ponto que a chamada "Terra Australis Incognita" foi logo representada na cartografia medieval e moderna, de acordo com o modelo da geografia de Ptolomeu. Somente após as primeiras explorações do hemisfério meridional, feitas a partir do século XV, com o principal objetivo de encontrar uma rota para a Índia, ocorreu a redefinição progressiva do mito. Pensavam inicialmente em um vasto continente unido à África e Ásia, que faria do Oceano Índico um mar interior. Todavia, rapidamente se percebeu que a Antártida tinha que ser muito mais limitada do que se pensava.

Embora viagens de exploração fossem fazendo com que a superfície do suposto continente se reduzisse, os cartógrafos continuaram a pintá-la em seus mapas, e os cientistas argumentaram que deveria haver uma grande massa de terra no hemisfério sul para fazer um contrapeso à massa conhecida no hemisfério norte.

Era freqüente considerar este continente em torno do Pólo Sul, mas com um território muito maior do que o da atual Antártida e se estendendo para o norte muito mais distante. Por exemplo, Fernão de Magalhães, em 1520, acreditava que a Ilha Grande da Terra do Fogo era parte da "Terra Australis Incognita". 

Em 30 de Abril de 1606 Pedro Fernández de Quirós tomou posse de todas as terras do sul ao Pólo para a Coroa da Espanha na Ilha do Espírito Santo, em Vanuatu, que ele chamou de "Austrialia del Espiritu Santo" pensando que era parte da "Terra Australis Incognita".

A Nova Zelândia, descoberta em 1642 por Abel Tasman, bem como a Austrália, também já foi considerada como parte desta massa de terra mítica.

No início do século XVI, marinheiros espanhóis como Francisco de Hoces e Gabriel de Castilla, colocaram concretamente as costas da ainda então chamada "Terra Australis Incognita" nas latitudes reais. O conceito desta lendária terra do sul foi finalmente corrigida por James Cook.

Este explorador embarcou ainda muito jovem na marinha mercante britânica, e em 1755 se juntou à Marinha Real. A experiência demonstrada concedeu-lhe o comando do HMS Endeavor, embarcação com a qual em 1768 fez a primeira de suas três viagens no Pacífico. A expedição recebeu a determinação oficial de observar o trânsito do planeta Vênus através do Sol, previsto no hemisfério sul para 1769. Embora reservado, apesar dos rumores revelados pela imprensa, o segundo objetivo era o de explorar a vasta região do Pacífico em busca da "Terra Australis Incognita". Depois de passar pelo Cabo Horn, no decorrer de 1769, Cook e seus companheiros vasculharam o Oceano Pacífico para uma parada no Taiti. Em junho daquele ano terminou a primeira parte de sua missão, observando-se o trânsito de Vênus a partir da base renomeada "Fort Venus". A viagem prosseguiu para a Nova Zelândia, onde a circunavegação da ilha provou a falta de fundamento da suposição de que poderia ser tratada como um apêndice do continente desconhecido lendário. Cook desistiu de uma investigação mais aprofundada e indo até a costa norte oriental da Austrália viajou para a casa. Admitir a existência de um vasto continente antártico, só se fosse obviamente muito mais ao sul.

Este dado, por sinal, foi confirmado pela segunda viagem austral de Cook, realizada com a intenção declarada de verificar a presença do continente do sul. A expedição, composta pelo HMS Resolution, liderado por Cook, e pelo HMS Adventure, sob o comando de Tobias Furneaux, deixou a Inglaterra no verão de 1772. Em 17 de janeiro de 1773 o explorador inglês e a equipe do Resolution foram os primeiros a ir para dentro do Círculo Ártico. Apesar dos esforços feitos por Cook e Furneaux, que viajou grandes partes do Oceano Pacífico descobrindo inúmeras ilhas e arquipélagos, o continente antártico permaneceu desconhecido. No ano seguinte, enquanto o Adventure tinha voltado para casa, Cook continuou na exploração da área antártica, chegando a tocar em uma latitude de mais de 71° sul. Fundamental para a navegação foram o equipamento e o pessoal científico à disposição, começando com a cópia do cronômetro marítimo de John Harrison, desenvolvido e testado por Larcum Kendall, que pode medir com muita precisão a longitude alcançada. Apesar do "fracasso" da missão, Cook não excluiu a existência de uma terra em torno do pólo, a partir do qual viria o gelo que havia bloqueado seu caminho e, por esta razão, esta terra parecia inatingível. 

Outra viagem foi empreendida pelo explorador britânico e membro da Royal Society, financiadora de suas expedições. Em julho de 1776, um pouco menos de um ano após o retorno da segunda viagem, o Resolution zarpou da Inglaterra e novamente partiu para os mares do sul. Para lhe fazer companhia, em agosto, foi adicionado o HMS Discovery comandado por Charles Clerke, já ao seu lado em experiências anteriores. Depois de alcançar o Taiti, desta vez os dois navios fizeram o caminho do Pacífico Norte, indo ao longo da costa americana em busca da passagem noroeste através do Estreito de Bering. Para ambos os navegadores se tratou da última jornada. Em fevereiro de 1779 Cook foi morto por nativos durante uma visita às ilhas do Havaí, que ele descobriu no ano passado e as apelidou de Ilhas Sandwich. Clerke assumiu o comando da expedição, mas morreu de tuberculose em agosto do mesmo ano. O Resolution e o Discovery, liderados pelos oficiais John Gore e James King, alcançaram a Inglaterra em outubro de 1780, quando a notícia da morte de Cook havia chegado por terra, vindo da Rússia, alguns meses antes.

Pegando o batuta de Cook na corrida para o sul vieram logo baleeiros e marinheiros de todas as nacionalidades, motivados por interesses bem mais prosaicos do que aqueles que haviam animado o explorador inglês. Indo mais distante, pelo espírito de aventura ou à procura de maiores lucros, alguns deles vieram a ver a costa do continente antártico. A autoria do primeiro avistamento, no entanto, ainda é uma questão controversa. A teoria mais aceita dá primazia à expedição russa liderada por Fabian Gottlieb von Bellingshausen, que em 28 de janeiro de 1820 chegou a 20 milhas da Antártida. Para outros historiadores, pelo contrário, o primeiro a avistar a terra oficialmente seria o inglês Edwar Bransfield, que chegou dois dias mais tarde, perto da Península de Trinity. Passou pouco mais de um ano e, em 07 fevereiro de 1821, o caçador estadunidense John Davis desembarcou na Baía de Hughes, tornando-se o primeiro homem a pisar no continente.

Nas décadas seguintes as descobertas continuaram, tanto pelas expedições cada vez mais aventureiras de caçadores em busca de baleias como graças a missões de exploração reais, tais como aquelas lideradas por James Clark Ross de 1839 a 1843. Foi a partir desse momento que o interesse em direção a Antártida diminuiu. Os lucros e os riscos dos embarques não justificavam os custos elevados. 

Para dar um novo impulso à corrida para o Pólo Sul, no final do século, havia um certo número de fatores : por um lado, o peso crescente da comunidade científica e da sociedade geográfica, ansiosos para aprender mais sobre uma área intocada, e do outro, a rivalidade cada vez mais acalorado entre as potências mundiais, ansiosas para colocar as respectivas influências sob a área da Antártida. A competição tornou-se cada vez mais desenfreada e fatal.

Dentro de alguns anos, de 1897 até 1910, existiram mais de 12 expedições, incluindo os dois primeiros a chegar ao Pólo Sul, a liderada pelo explorador norueguês Roald Amundsen e a trágica onde o inglês Robert Falcon Scott e seus companheiros encontraram a morte.

Depois de renunciar-se à corrida para o Pólo Norte, Amundsen partiu em 1910 para a Antártida, mantendo a secreta esperança de se tornar o primeiro homem a chegar ao Pólo Sul. Chegado ao continente e preparado o acampamento base, este explorador marchou junto com seus companheiros em outubro 1911, alcançando a meta em 14 de dezembro deste mesmo ano. Muito diferente foi o destino de Scott, que com grande alarde partiu de Inglaterra em junho de 1910. Ele também deixou o acampamento base em outubro do ano seguinte, mas sua expedição provou imediatamente ser falha se comparada com o rival escandinavo. Este último tinha optado por esqui e cães de trenó, o que se revelou particularmente eficaz, enquanto Scott e seus companheiros fizeram uso de snowmobiles, que rapidamente se tornaram inutilizáveis, e pôneis, mal adaptados à área da Antártida. Eles chegaram ao Pólo em  janeiro de 1912 e para recebê-los uma amarga surpresa : a bandeira deixada por Amundsen. No final das suas forças e prejudicados por condições climáticas severas, os membros da expedição britânica morreram, um após o outro, na viagem de regresso.

Nos tempos modernos, o termo "Terra Australis" tem sido ocasionalmente usado como sinônimo para o continente australiano.

Posté par Elise Dawson

 

 

Veja também :

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Uma visão sobre a embriaguez na antiga Inglaterra.

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A democracia dos ditadores.

 

 

Commentaires (7)

 

A primeira vez que o nome Austrália parece ter sido oficialmente usado foi em um despacho para Lord Bathurst, em 4 de abril de 1817, em que o governador Lachlan Macquarie reconhece o recebimento das cartas do capitão Flinders da Austrália. Em 12 de dezembro do mesmo ano, Macquarie recomendou ao Colonial Office que fosse formalmente adotado. Em 1824, o Almirantado concordou que o continente deveria ser conhecido oficialmente como Austrália.

Posté par Rafael Grisbach, 19 octobre 2003 à 19:30 | Répondre

 

Oi Elise, tudo bem ?
Ao longo dos séculos, o desejo humano inato de explorar novos espaços, de ir além dos limites conhecidos, tem sido alimentado por razões econômicas, religiosas, militares ou científicas. Sem exceção a esse paradigma, a última das descobertas geográficas, a da Antártida, tornou-se parte da história humana somente no século XIX.

Como curiosidade cito William Dampier que, embora fosse pirata, também foi um cientista, explorador e autor de best-seller.Em 1688 ele foi o primeiro inglês a explorar partes do que é hoje a Austrália, e a primeira pessoa a circunavegar o mundo três vezes.

A tomada de posse oficial ocorreu dois anos mais tarde, pelo Capitão James Cook, que organizou uma expedição científica para o sul do Pacífico com o objetivo de explorar a costa oriental reivindicando-a para a Coroa Britânica. Assim ele aportou na Terra Australis em 21 de agosto de 1770 e a batizou de Nova Gales do Sul.

Um mito muito comum que se contava (parece que foi derrubado pelo lingüista John B. Haviland) era que Cook teria visto um grande animal saltando na Austrália, portanto aparentemente ele foi o primeiro homem branco a ver um canguru. Ao ver a criatura perguntou a um aborígene o que era, e o nativo disse “Kanguru”, que significaria “eu não entendo você”, então essa palavra teria vindo para a língua inglesa como sendo o nome do animal.

Posté par Lisa Alleway, 19 octobre 2003 à 20:10 | Répondre

 

Embora os historiadores, em sua maioria, sustentem que a descoberta européia da Austrália ocorreu somente em 1606, com a viagem do navegador neerlandês Willem Janszoon, existem várias outras teorias alternativas. Franceses, espanhóis, chineses, fenícios e portugueses podem ter precedido a descoberta.

Como a teoria da descoberta da Austrália pelos portugueses é bem sustentável vale a pena uma breve explanação. Dentre outras evidências históricas, os Mapas de Dieppe identificam indícios da exploração portuguesa da costa australiana na década de 1520. A maioria deles indica uma massa de terra intitulada “Jave La Grande”, entre as atuais Indonésia e Antártida. Como os portugueses estavam ativos no sudeste asiático desde 1511, e em Timor desde 1516, foi sugerido por alguns autores que “Jave La Grande” seria o resultado de um erro cometido pelos cartógrafos de Dieppe que estavam trabalhando sobre mapas portugueses do litoral da Austrália.

O primeiro escritor a mencionar estes mapas como uma evidência da descoberta portuguesa da Austrália foi Alexander Dalrymple em 1786, na obra “Memoir Concerning the Chagos and Adjacent Islands”.

Posté par Ana Carla Cioffi, 19 octobre 2003 à 20:33 | Répondre

 

O geógrafo e cartógrafo sueco Daniel Djurberg, em 1776, usou o termo “Ulimaroa” para a Austrália. Djurberg adaptou o nome de “Olhemaroa”, uma palavra maori encontrada na edição de John Hawkesworth do Capitão James Cook e nas revistas de Sir Joseph Banks.
Mas se acredita ter sido uma tradução mal interpretada pois os maori estariam se referindo a Grande Terre, a maior ilha da Nova Caledônia. Djurberg acreditava que o nome significava algo como “grande terra vermelha”, enquanto os lingüistas modernos acreditavam que significava “mão comprida”, o que faz sentido com a geografia de Grande Terre. 
O nome inadequado continuou a ser reproduzido em certos mapas europeus até por volta de 1820, inclusive no romance “Parjumouf Saga ifrån Nya Holland”, de 1817, de Carl Almqvist.

Posté par Maurício Bianco, 19 octobre 2003 à 21:24 | Répondre

 

Elise, o cartógrafo e geógrafo alemão Johann Schöner, em 1515, concebeu um mapa mostrando um continente ao sul do Estreito de Magalhães, chamado por ele de Brasilia inferior. Este grande terreno incluiu os contornos da Austrália, mas foi colocada perto da área geográfica da Antártida.

Em um novo mapa do mundo seu, em 1520, esta Terra Australis está situada em ambos os lados do Estreito de Magalhães. Esta localização geográfica corresponde à maior parte do continente da Antártica, mas os contornos lembram os do continente australiano, como a vegetação desenhada sobre esta terra.

Resta entender como Johann Schöner e outros geógrafos europeus do início do século XVI eram conscientes da existência desta Terra Australis. Sob os pressupostos de Gavin Menzies, uma grande frota chinesa comandada por Zheng He, tinha abordado a costa australiana no início do século XV. Esta hipótese de circunavegação chinesa seria a base do conhecimento geográfico transmitido pelos próprios chineses. A circunavegação do globo foi emitida pelos chineses do século XIII e por famosos viajantes e comerciantes árabes e europeus, como Jean de Mandeville e Marco Polo.

Posté par Ivan Dal Bosco Soranzo, 20 octobre 2003 à 13:30 | Répondre

Depois de Johann Schöner, Abraham Ortelius pintou o mapa “Theatrum Orbis Terrarum”, em 1570, onde está representada uma “Terra Australis nondum cognita” incluindo os contornos da Antártida e da Austrália.
Em 1583, Jacques Vau Claye concebeu um globo representando a “Terre Australle” combinando a Austrália com a Antártida.
Em 1587, a “Terra Australis” é o grande continente sugerido na base do mapa do mundo desenhado por Rumold Mercator, de acordo com um de seu pai Gerardus Mercator. Os limites geográficos consideram as terras da Antártida ligadas às da Austrália.
Conforme já foi exposto no texto desta página, em 1605, o navegador português Pedro Fernandez de Quirós, partiu em uma expedição do Peru para tomar posse da “Terra Australis” em nome da coroa espanhola. Ele pensou que tinha encontrado o tal continente desembarcando em uma ilha à qual deu o nome de “Austrialia del Espiritu Santo” 
Em 1642, a Nova Zelândia foi observada pela primeira vez por um europeu, Abel Tasman, e foi considerado parte do continente, assim como a Austrália. 
Em 1627, Johannes Kepler coloca um globo em seu livro “Tabulae Rudolphinae”, onde uma “Terra australis incognita”, com a Antártida e a Austrália conectadas, aparece no hemisfério sul.

Posté par Barbara Ferreira Bueno, 21 octobre 2003 à 17:30 | Répondre

 

Matthew Flinders não foi o primeiro a empregar o termo “Austrália” para a ilha-continente, mas foi um firme defensor do seu uso. No entanto, ele nunca testemunharia a imposição oficial deste nome porque faleceu no dia seguinte ao da publicação do seu livro em 1814, aos 40 anos de idade.

Parece que Flinders pegou o nome de uma cópia que possuía da obra de Alexander Dalrymple de 1771, “An Historical Collection of Voyages and Discoveries in the South Pacific Ocean”, mas exclusivamente para a ilha-continente, não para toda a região do Pacífico Sul.

Em 1804 ele escreveu a seu irmão afirmando “Chamo a toda a ilha Austrália, ou Terra Australis” e mais tarde enviou uma missiva a Sir Joseph Banks onde mencionava “o meu mapa geral da Austrália”.

Posté par Manuelle Heyman, 20 octobre 2003 à 19:30 | Répondre

 

 

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