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Elise Dawson
22 avril 2005

Uma visão sobre a embriaguez na antiga Inglaterra.

 

Contado em 1682 pelo ministro anglicano Samuel Clarke, este relato peculiar fez parte de seu aviso a todos sobre os destinos traiçoeiros que aguardam os bêbados :

Um soldado e seus companheiros estavam bebendo à saúde uns dos outros, durante uma noite de celebração em uma taberna de Salisbury. Depois de ingerir muito álcool, o soldado resolveu brindar à saúde do Diabo, inclusive corajosamente desafiando o mesmo a aparecer. Afirmou ainda que se o Anjo das Trevas não o fizesse, era a prova de que nem ele, nem Deus, existiam. Seus companheiros rapidamente fugiram do local por medo, mas voltaram depois de ouvirem um barulho hediondo e sentirem um cheiro pútrido. Retornando à sala, verificaram que o soldado desapareceu, e uma janela se encontrava quebrada com a barra de ferro dela curvada e coberta de sangue. O soldado nunca mais foi visto, depois de cometer o erro fatal de perder o juízo por conta da bebida e saudar o Maligno, convidando-o para o seu mundo. 

Esta história foi apenas uma das terríveis possibilidades delineadas por Clarke que compreendiam os destinos trágicos que aguardavam todos os ébrios, pois enfermidades, destruição física e espiritual, loucura e, em última instância, a morte, também constavam no rol de conseqüências. Uma abordagem que estava ao alcance na época, diversa da virada do século XIX, onde as condenações ao álcool tornaram-se um clamor ensurdecedor que veio na forma de discursos, livros, consultas médicas e obras de arte. 

Tais avisos, no entanto, fizeram pouco para influenciar as práticas desenfreadas de consumo diário, mas, ao longo do tempo, os gritos daqueles que se opuseram ao vício foram ouvidos cada vez mais alto. E os meros murmúrios de meados do século XVII, chocados com o súbito aumento de bebidas alcoólicas disponíveis com preços baixos, multiplicaram-se no decorrer das décadas seguintes. 

As investigações espirituais e médicas sobre o efeito do álcool no corpo humano, e a medida de sua eventual moderação, permaneceram uma fonte constante de preocupação, muito antes dos movimentos contrários do século XIX. As indagações enfatizaram freqüentemente a maneira pessoal como, depois de entrar no corpo, iniciava um processo de deterioração e de uma literal transformação física.

Em 1677, Edward Bury, ex-ministro da pequena vila de Great Bolas, em Shropshire, e um contemporâneo de Clarke, escreveu extensamente sobre as formas como o pecado bestial da embriaguez distorcia o corpo, provocando devassa, corrompendo, e deformando o homem. Também alegou que este trabalho perfeito da Criação se transformava, com o nariz, olhos e bochechas ficando vermelhos, a face inchando como uma bexiga, sem contar a fisionomia perturbada, dilatada e disforme. Segundo ele, a criatura mais comparável ao bêbado era a porco, já que parecia ter grande prazer em revirar seu próprio vômito, dejetos e sujeira, além de se assemelhar aos suínos quando rastejava, depois de perder o controle sobre a capacidade de caminhar. Disse ainda que, ao contrário dos porcos, que são úteis dessa maneira, o embriagado para nada serve, além de gastar e consumir.

Para Clarke, consumir álcool não faz com que os homens virem animais, porque uma besta o despreza. Mas os transforma de uma maneira mais profunda, em tolos e ébrios, os destrói em suas próprias essências, e então os desfigura ao ponto de Deus não os reconhecer mais e afirmar “Non est hæe Imago mea” (Esta não é minha imagem).

Nenhum outro vício parecia fazer com a aparência física do corpo o que as bebidas alcoólicas provocavam. De acordo com Clarke, o bêbado experimenta um processo de metamorfose, onde seu corpo tornava-se maleável, servindo como uma argila macia com a qual Satanás pode moldar em qualquer forma.

As preocupações espirituais dominaram as denúncias iniciais dos males do álcool, e novas observações sobre seu poder transformador surgiram no século XVIII. Se um bebedor, saturado em líquidos perniciosos, abriu seu corpo para o toque tortuoso de Satanás, não se transformava em uma besta, mas parecia murchar e colapsar sobre si mesmo. A aparência decadente da pessoa, com semblante pálido e pele coriácea, tornou-se popularmente associada à própria morte.

O aumento súbito no consumo de gim entre os pobres de Londres na virada do século XVIII trouxe algumas dessas observações. A destruição corporal foi descrita como um processo gradual, em que a constituição do corpo lentamente desmorona, seus olhos vão ficando pesados e enfadonhos, seu rosto se torna pálido e seu comportamento insensível. Caso fosse uma mulher, perderia logo sua beleza, ficaria com aparência tediosa e pálida, arruinaria quaisquer esperanças de casamento, deixando-a mulher sem futuro. 

O bispo de Sodor and Man (província de York), Thomas Wilson, também falou em oposição ao aumento do consumo de gim, e apontou as maneiras pelas quais beber parecia emagrecer o indivíduo, essencialmente reduzindo-o a um esqueleto, o que, inequivocamente, associou a imagem à inevitável mortalidade. O consumo excessivo não transformava bêbados em animais ou irreconhecíveis aos olhos de Deus, como Bury e Clark sugeriram. Em vez disso, o corpo deteriorado parecia assemelhar-se à aparência que todos teriam no túmulo, tornando-se um símbolo da morte, portanto uma ameaça inquestionável para todos. 

Este retrato tornou-se uma ferramenta poderosa para os opositores organizados, e a noção do bebedor que se desperdiçou até o ponto da morte tornou-se um pilar da literatura anti-álcool, advertência corroborada por médicos que escreveram sobre os efeitos da bebida. 

O autor anônimo de “A Treatise, on the True Effects of Drinking Spirituous Liquors, Wine and Beer, on Body and Mind”, publicado em 1794, discutiu as alterações físicas causadas pelo consumo, afirmando que causava uma forma precoce de envelhecimento ao impedir o crescimento da juventude e mutilar o corpo jovem, o que traz prematuramente a decadência da velhice. Por outro lado, alinhado com os argumentos feitos por Edward Bury um século antes, alegou que não só envelhecia o corpo mas, ao corromper seu juízo, tornava o etilista mais animal do que homem. 

Começaram a surgir questões sobre a quantidade adequada a se beber, ou mesmo se alguém deveria consumir, nas últimas décadas do século XVIII. Devido à associação tradicional de álcool e remédios, muitos médicos, ministros e outros líderes sociais alegaram que era perfeitamente aceitável desde que consumido com moderação. Alguns observaram que apenas certas bebidas eram apropriadas ​​para um proveito moderado, pois muitos dos “spirits” mais populares nem para isso serviriam, e aqueles que se arriscassem na sua ingestão adquiririam uma série de doenças, com quase todos terminando em mortes certas.

Aqui vale lembrar que “spirit” é o nome pelo qual as bebidas destiladas são chamadas na Inglaterra. A origem do termo teria vindo do vinho, embora este seja um fermentado, que era considerado o espírito da vida por causa do hálito que provoca em quem o aprecia. Do ponto de vista técnico, “spirit” é a essência, o perfume, de uma fórmula.

Mas mesmo a noção de que beber com moderação fosse aceitável também foi questionada. O autor anônimo acima mencionado foi especialmente crítico sobre o que poderia significar esta moderação, já que, para uns, três copos de gim diariamente tomados seria uma quantia prudente, mas para outros, este tanto os lançaria em uma febre violenta. Por esta razão seria impossível determinar a quantidade que é inofensiva e a que irá prejudicar.

Esta questão marcou uma mudança na visão de como a ingestão de álcool no corpo humano, em qualquer quantidade, poderia potencialmente levar à decadência e transformar um usuário moderado em um bêbado deplorável. No século XIX, os defensores organizados da moderação se reuniram para acabar totalmente com o seu consumo habitual. A literatura freqüentemente enfatizava o inevitável caminho para a ruína às pessoas que tomaram a infeliz decisão de beber. 

O escritor Timothy Shay Arthur, em particular, ajudou a convencer o público americano quanto aos perigos etílicos através do seu popular romance “Ten Nights in a Bar-Room and What I Saw There”, publicado em 1854, tendo como pano de fundo uma taberna chamada “Sickle and Sheaf”. Ao longo da obra, as descrições de bebedores habituais novamente enfatizam a deterioração física causada pelo consumo de álcool, em detalhes dramáticos. Em particular, o bêbado da cidade, Joe Morgan, se destaca na narrativa como um elemento indesejável mas familiar da taberna, um pobre desmoronado e inebriado, com o poder interno da resistência pois consciente é de não ter respeito dos homens e não respeitar nenhum. Um ano se passa, e o homem retorna para o mesmo bar sem apresentar melhorias em sua aparência. Pelo contrário, suas roupas estavam mais desgastadas e esfarrapadas, e seu semblante mais tristemente manchado.

Em outro livro não ficcional publicado por Arthur, “Grappling With the Monster”, ele estabelece as formas como o álcool amaldiçoa o corpo, afirmando que não haveria a necessidade de outros testemunhos para mostrar que é um inimigo implacável após constatar as formas cicatrizadas e rostos marcados, às vezes desfigurados, de homens que se entregaram às bebidas inebriantes, figuras presentes em todos os lugares e entre todas as classes sociais. Estranha ainda que indivíduos de bom senso, juízo claro, e percepção rápida em todas as questões morais e nos assuntos gerais da vida, são muitas vezes tão cegos que afirmam que o álcool não só é inofensivo quando tomado com moderação como, na verdade, é útil e nutritivo!

À medida que o movimento de repúdio ganhou força total durante a era das publicações de Arthur, a questão da moderação já não estava mais em debate, pois o líquido maldito amaldiçoou o corpo, deteriorou as características físicas, e reduziu a pessoa a um arruinado.

Mas ainda houve quem contestasse ceticamente estas advertências dramáticas, indagando se o consumo realmente resultava em decomposição corporal, se uma pessoa poderia absorver o líquido sem se transformar em um ébrio insensato ou em um fardo social indesejável, se apenas as observações teóricas é que o fizeram...

Uma gravura da revista Puck de 1888, “Between Two Evils”, apresentou algo diferente sobre o conceito de moderação, atingindo um equilíbrio entre extremos. À direita, aparece um abstêmio imoderado, esnobadamente se recusando a sequer olhar para um copo repulsivo de bebida. À esquerda, um alcoólatra também imoderado que, em muitos aspectos, reflete toda a deterioração física já descrita. No meio, porém, está sentado um homem que representa a verdadeira moderação, bem vestido, com semblante amável, e empunhando uma caneca de cerveja sem nenhum sinal de decaimento corporal.

Sentado entre os dois pontos opostos, este homem moderado, munido de sua caneca e de um sorriso, declara resolutamente aos dois “Eu não quero nada com nenhum de vocês!”.

Posté par Elise Dawson

 

 

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Commentaires (9)

 

A diminuição do preço das bebidas e o aumento do seu consumo na Inglaterra ocorreram no contexto do aumento da superlotação e da pobreza nas cidades. No campo, o trabalho era muito extenuante para os agricultores poderem lidar com a ressaca constante, então continuaram a beber a tradicional cerveja, de ação mais lenta que as bebidas mais fortes.

Vale ressaltar que um outro motivo para a hostilidade em relação ao álcool era o nascente nacionalismo. Enquanto a cerveja era considerada a bebida doméstica da Inglaterra, as demais eram estrangeiras. Uma vez que a ameaça externa foi superada, os reformadores encontraram uma nova importação estrangeira para ficar na berlinda, o chá, para o qual aplicaram praticamente as mesmas acusações que antes tinham utilizado. Assim, chegaram a escrever que o chá era um destruidor de saúde, um engendrador de efeminação e preguiça, um devastador de juventude e um criador de miséria para a velhice.

Posté par Marcel Cutrale, 22 avril 2005 à 18:04 | Répondre

 

Entre 1700 e 1760, a cidade de Londres se entregou assustadoramente ao consumo destrutivo do gim. Para se ter uma idéia, em 1730, cerca de 7.000 lojas de gim estavam envolvidas no comércio, com cerca de 10 milhões de galões destilados a cada ano. Seja para saciar dores e dissabores, para aliviar do frio, ou para fugir do trabalho árduo, tudo isso unido ao seu preço bem baixo, o gim se tornou mais que uma bebida para o povo londrino. Tinha havido uma queda nos preços dos alimentos, o que garantiu que os trabalhadores tivessem uma renda disponível maior para gastar em bebidas alcoólicas.

Durante os anos de guerra dos britânicos com os franceses, o brandy francês tornou-se fora de moda e até antipatriótico, portanto, era cada vez mais difícil consegui-lo. Além disso, o Parlamento aprovou uma série de medidas legislativas destinadas a aumentar a produção de spirit doméstico e quebrar o domínio no mercado. Estes dois pontos foram fundamentais para o início da avassaladora soberania do gim na Grã-Bretanha.

Posté par Dirceu Bersch, 22 avril 2005 à 20:05 | Répondre

 

Benjamin Rush, famoso médico da Pensilvânia no século XVIII, também fez seus relatos sobre o tema, e contou a história de um homem que não conseguiu encontrar satisfação em seu alcoolismo. Procurando por porres cada vez mais fortes, foi mudando do ponche para o grogue, para o rum jamaicano puro, misturando com uma colher de pimenta moída, ... até encontrar a morte devido sua imoderação.

Os esforços de Rush contra o consumo de álcool certamente estavam na vanguarda do movimento de moderação emergente. Assim como outros médicos, tentou transmitir alguma compreensão sobre o quanto afetava o corpo humano, como a freqüência de estômagos irritados e vomitantes pela manhã após se envolver em uma bebedeira intensa, o desenvolvimento de tremores nas mãos, bem como a palidez no rosto contrastando com pequenas e vermelhas faixas que apareciam nas bochechas do bêbado.

Samuel Clarke advertiu que o álcool abriria a possibilidade para a corrupção do diabo. Timothy Shay Arthur zombou da idéia de que poderia fornecer qualquer fonte de nutrição. E Benjamin Rush afirmou que beber criaria um apetite insaciável por bebidas mais fortes, levando, inevitavelmente, a uma embriaguez incurável e morte. O fato é que o alcoolismo sempre aparece como uma negatividade humana, até hoje!

Posté par Elisete Fluck, 22 avril 2005 à 20:19 | Répondre

 

O álcool sempre foi um problema para a sociedade.

Na Inglaterra do século XVIII, a embriaguez era comum a todas as classes, embora a relacionada ao gim tenha sido tipicamente associada aos pobres. No entanto, a visão das classes média e alta em relação a sua bebedeira e a das “pessoas inferiores” refletia distinções de classe, pois a própria era tida como divertida.

Por exemplo, William Hogarth, em “Midnight Modern Conversation”, descreveu uma cena de embriaguez entre os foliões de classes superiores como a de um bebedor exuberante na parte de trás da sala levantando o copo em um brinde para todos os seus colegas, ao invés de uma denúncia da convivência bêbada. O mesmo autor, em “Gin Lane”, tomou atitude completamente diferente ao relatar uma cena entre pobres.

A bebida alcoólica entre as “classes inferiores” foi atacada como um problema sem precedentes no segundo quarto do século XVIII, não porque a embriaguez fosse mais comum, ou por causa da preocupação com o prejuízo que propiciava à saúde daqueles indivíduos, mas por conta de seus perigos para o bem-estar e a economia da nação. O preço mais barato do gim levaria a mais embriaguez, o que era uma preocupação porque as mortes prematuras privariam os proprietários de força de trabalho, e isso, por sua vez, resultaria em salários mais elevados e à redução do consumo de cerveja. Além disso, o gim tinha um efeito adicional sobre o consumo de tabaco, porque um homem honesto poderia consumir um cachimbo ou dois de tabaco com uma ou duas cervejas, uma noite inteira, mas é demolido pela força do tirano gim, de maneira que quase não teria tempo para fumar.

Posté par Bruna Monjardim, 22 avril 2005 à 21:11 | Répondre

 

Muito interessante !
Para contextualizar, a destilação era comum em toda a Europa na Idade Média, mas não na Inglaterra porque o monopólio doméstico mantinha os preços muito altos. Em 1689, o Parlamento proibiu as importações de vinhos e “spirits” franceses e, ao mesmo tempo, cancelou o monopólio, o que possibilitou a qualquer pessoa criar um negócio de destilaria desde que pagasse os direitos exigidos.
Os destiladores tornaram-se não apenas produtores mas também vendedores, e o custo do gim caiu abaixo do custo de cerveja, o que o tornou a bebida alcoólica favorita para as classes baixas.
Historiadores do início do século XX têm culpado o aumento no consumo de gim pela agitação social que também aumentou durante este período. Afirmam ainda que após a passagem do Tippling Act de 1751, que ficou conhecido como Gin Act, a agitação social declinou. Esta lei proibiu que os vendedores de destiladores vendessem o gim no varejo, e cobrou penas severas pelo descumprimento, como prisão, chicoteamento e até deportação para reincidentes. Como resultado, os preços aumentaram, o consumo do gim diminuiu, ao mesmo tempo em que o de cerveja aumentou, e a agitação social diminuiu.
Mas há também quem argumente que a agitação social, antes e depois do Tippling Act, estimulou e exacerbou o consumo excessivo de gim, em vez deste ter sido sua causa.

Posté par Fabiane Lienard, 22 avril 2005 à 21:48 | Répondre

Em 1700, os dados estatísticos britânicos colocavam o consumo anual de gim, na Inglaterra e no País de Gales, em cerca de 1,23 milhões de galões (medida britânica de volume, equivalente a 8 pints). Em 1714, o consumo passou para quase 2 milhões de galões por ano. Em 1735 já eram 6,4 milhões, e em 1751, 7,05 milhões.

O consumo per capita aumentou em até oito vezes, entre 1 e 2 “pints” (ou quartilho, também unidade de medida de volume no Reino Unido) em 1700 para entre 8 e 9 em 1751, cerca de um galão por pessoa.

A cerveja no mesmo período manteve-se relativamente constante em 3 milhões de galões anuais.

Posté par Alessandra Carli, 23 avril 2005 à 19:51 | Répondre

O que deu impulso às iniciativas mais contundentes para controlar a sede de gim na cidade, das quais se destaca o Gin Act de 1751, foi um evento trágico que capturou o espírito da época e causou protestos públicos. Em 1734, uma mulher chamada Judith Defour estrangulou sua filha de dois anos e vendeu suas roupas para conseguir gim.
A referida normatização, a oitava de um total de oito tentativas de regulação do consumo de álcool, proibia os destiladores de vender para comerciantes não licenciados, e também aumentou as taxas cobradas aos pequenos comerciantes, o que levou o gim a não ser mais vendido em pequenas lojas mas somente em bares maiores, onde o controle de qualidade era mais apertado.

Posté par Suzana Szafir, 25 avril 2005 à 18:17 | Répondre

 

Depois do boicote aos produtos franceses, no final do século XVII passaram a importar da Holanda o “spirit” holandês conhecido como “jenever”, que era um pouco mais fraco (cerca de 30% de álcool por volume).

Já o gim que começaram a destilar em Londres era diabolicamente forte e muitas vezes adulterado com impurezas horríveis. O “spirit” da terebintina (líquido obtido por destilação de resina de coníferas) e o ácido sulfúrico eram adições comuns e, como com os “moonshine” americanos ou os “poteen” irlandeses, contos sobre cegueira entre aqueles que os consumiam em Londres não eram infreqüentes.

Com apenas alguns centavos, os indivíduos poderiam se fartar com grande quantidade da bebida, que, como se não bastasse, teria particularmente um poder catastrófico sobre seus corpos.

Posté par Edgar Alves Scalco, 23 avril 2005 à 21:40 | Répondre

 

A partir da década de 1660, os gostos ingleses começaram a mudar.

Passaram a beber vinho melhor e cerveja mais forte do que em séculos anteriores. A elite começou a apreciar os spirits importados, principalmente o brandy francês, e o povo comum adotou gradualmente o consumo em massa de “spirits ingleses”, especialmente gim, que foi tão bebido que os moralistas começaram a pensar que era a principal causa da pobreza urbana.

A materialização dessa crença se encontra na famosa ilustração de William Hogarth, “Gin Lane”, onde uma mãe bêbada e com a sífilis deixa cair o bebê, um mendigo e um cão famintos disputam um osso, o agente de penhores e o coveiro dificilmente conseguem acompanhar o comércio, e toda a cena apresenta declínio moral.

Esta imagem só faz sentido se for vista ao lado de outra gravura dele, “Beer Street”, na qual os habitantes bebedores somente de cerveja são gordos e saudáveis, a rua é limpa e próspera, e o corretor de penhores saiu do mercado.

Posté par Cleber Bettinghausen, 24 avril 2005 à 22:03 | Répondre

 

 

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